Governos de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Espírito Santo anunciaram, nos últimos dias, linhas de crédito e uso de incentivos fiscais para tentar conter os efeitos da sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, oficializada na quarta-feira (30). Outras administrações, como Rio de Janeiro e Sergipe, criaram grupos de trabalho para dimensionar o impacto, enquanto São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Maranhão, Paraíba e Pernambuco não se manifestaram até o fechamento desta matéria.
Principal exportador de café do país, Minas Gerais colocou R$ 100 milhões em créditos de ICMS à disposição das empresas afetadas. Além disso, o BDMG separou R$ 200 milhões para empréstimos com juros de 0,9% ao mês, 12 meses de carência e quitação em até 60 meses. De acordo com o presidente do banco, Gabriel Viégas, haverá limite por companhia, ainda em definição com o governo estadual e o setor privado.
No Paraná, onde a pauta de exportação aos EUA soma cerca de US$ 1,5 bilhão anuais — principalmente madeira e derivados —, as empresas poderão monetizar créditos de ICMS ou usá-los como garantia para novas operações. O estado também prometeu prorrogar prazos de investimentos acertados previamente e disponibilizar, de imediato, R$ 400 milhões por meio de bancos de fomento. Outras medidas poderão ser adotadas conforme a evolução dos impactos, informou o governo.
O Executivo gaúcho liberou, na sexta-feira (25), R$ 100 milhões em financiamentos via BRDE, com custo de inflação mais 4% ao ano. O setor de armamentos, representado pela Taurus em São Leopoldo, deve sentir o maior efeito da tarifa: em 2024, a companhia exportou US$ 170,2 milhões, 86% do total em vendas externas do segmento no estado. O couro-calçadista, que exportou US$ 176,2 milhões no ano passado (19,4% da produção), também ficou de fora das isenções.
O vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) declarou que as exceções concedidas pelos EUA aliviaram a celulose, mas que o café segue ameaçado. Entre as alternativas em análise está a utilização de créditos de ICMS acumulados. Segundo Ferraço, qualquer apoio estará condicionado à manutenção de empregos e da atividade produtiva.
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Segundo a Casa Civil fluminense, o Rio de Janeiro — segundo maior exportador brasileiro para o mercado norte-americano — examinava o decreto na tarde de quarta-feira. As vendas de derivados de petróleo, não alcançados pela sobretaxa, são destaque na pauta estadual. Já Sergipe instalou um grupo para mapear dados setoriais e negociar apoio junto ao governo federal.
O anúncio da política tarifária foi feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington, também na quarta-feira (30).
Com informações de Folha de S.Paulo