Estratégia 60/40 perde força, mas Teoria Moderna do Portfólio continua relevante, afirmam especialistas

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Sete décadas após ser apresentada por Harry Markowitz, a divisão tradicional de 60% em ações e 40% em renda fixa voltou a ser questionada. A pandemia, a inflação elevada e o movimento de alta dos juros em economias desenvolvidas alteraram a correlação entre os mercados, abrindo espaço para ajustes na alocação de recursos.

Desempenho histórico pressionado

Estudo da gestora norte-americana KKR indica que uma carteira composta por 60% das ações do S&P 500 e 40% em títulos do Tesouro dos Estados Unidos acumularia perdas entre janeiro de 2022 e abril de 2025, chegando a -24% em outubro de 2022 e a -5% em abril deste ano. Segundo o relatório, foi a primeira vez em 150 anos que a renda fixa deixou de funcionar como proteção em fase de queda das ações.

Avaliação de gestores brasileiros

Para Rodrigo Sgavioli, head de Alocação do Research da XP Investimentos, ainda é cedo para declarar o fim da Teoria Moderna do Portfólio (TMP). Ele lembra que o modelo foi desenvolvido em um ambiente de juros baixos e inflação controlada e, por isso, precisa ser revisto diante do cenário atual. A XP combina a TMP com o modelo Black-Litterman e, mais recentemente, com a estratégia de Paridade de Risco, na qual cada classe de ativos contribui com parcela igual de risco.

Gustavo Harada, responsável por alocação da Blackbird Investimentos, sustenta que a teoria de Markowitz continua sendo ponto de partida, mas ressalta a necessidade de carteiras mais dinâmicas. Para ele, a diversificação hoje depende menos da quantidade de ativos e mais da qualidade das correlações.

Na gestora Tivio, a expectativa de retorno dos próximos anos orienta a escolha de ativos. O estrategista Rafael Espinoso avalia que ações e títulos nos Estados Unidos tendem a oferecer retornos menores e defende a inclusão de classes capazes de melhorar o resultado ajustado ao risco.

Busca por descorrelação

Frente ao novo ambiente macroeconômico, gestores têm reforçado posições em ativos reais, como ouro, instrumentos ligados a infraestrutura e fundos de recebíveis. Segundo Sgavioli, esses investimentos ajudam a proteger o portfólio da inflação e reduzem a dependência de correlações tradicionais.

Espinoso acrescenta que é preciso testar diferentes pesos na carteira até encontrar o equilíbrio entre risco e retorno, sempre atento aos objetivos do investidor. Harada lembra que qualquer classe com retorno adicional e comportamento descorrelacionado pode melhorar a chamada fronteira eficiente, conceito central da teoria de Markowitz.

Apesar das mudanças, os profissionais concordam que a essência da TMP permanece válida: diversificar não significa espalhar recursos ao acaso, e sim combinar ativos que se comportem de maneira distinta em diferentes ciclos econômicos.

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