A queda de mais de R$ 32 bilhões no valor de mercado da Petrobras (PETR3; PETR4) depois da divulgação do balanço não foi suficiente para afastar o otimismo de boa parte dos analistas. Gestores e casas de research veem o atual nível de preço — cerca de 4,5 vezes o lucro — como oportunidade para quem busca uma tese de longo prazo.
No pregão seguinte ao resultado, as ações recuaram com força, apesar de números operacionais considerados em linha. A estatal apresentou capex de US$ 4,1 bilhões, acima das expectativas, e conversão de caixa abaixo do projetado, o que levou a dividendos de US$ 1,6 bilhão — inferior ao intervalo de US$ 1,9 bilhão a US$ 2,2 bilhões esperado pelo mercado.
Durante a teleconferência, a presidente Magda Chambriard reiterou a possibilidade de a companhia voltar ao segmento de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), abandonado em 2020 com a venda da Liquigás. O diretor financeiro acrescentou que a chance de dividendos extraordinários em 2025 é baixa, comentário que também pesou sobre as ações.
Apesar dos pontos negativos, o Morgan Stanley manteve recomendação overweight para os ADRs da empresa, com preço-alvo de US$ 17. O banco destaca fluxos de caixa “muito resilientes” mesmo com preços de petróleo mais baixos e vê espaço para dividendos extraordinários se o Brent se recuperar.
O UBS BB segue indicando compra, embora aponte risco de queda no cenário-base de rendimento de 12% após os dividendos menores. Para o banco, produção mais robusta nos próximos anos sustenta expectativa de retorno acima de 10% em 2024 e patamar elevado em 2026.
Na avaliação da Nero Capital, o valuation atual “aguenta bastante desaforo”. O gestor Daniel Utsch lembra que, embora a proximidade das eleições de 2026 possa aumentar a volatilidade, ela tende a ser menor do que em pleitos anteriores, citando a empresa menos alavancada e com operação mais eficiente.
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Bradesco BBI, Eleven Financial e BTG Pactual também mantêm recomendação de compra, combinando potencial de valorização com yield próximo de 10% ao ano. Malek Zein, da Eleven, prevê Ebitda entre R$ 55 bilhões e R$ 57 bilhões e fluxo de caixa livre de R$ 19 bilhões a R$ 23 bilhões, apoiado em expansão de produção de cerca de 10% ao ano.
Levantamento da LSEG mostra que, entre 11 instituições que cobrem PETR4, 8 recomendam compra e 3 sugerem manutenção. O preço-alvo médio é de R$ 40,80, o que representa potencial de alta de 34% sobre o último fechamento. Nos ADRs PBR, 13 casas analisam o papel: 8 indicam compra e 5 recomendam manter, com preço-alvo médio de US$ 14,83, ou 22% de potencial.
Com valuation descontado, expectativas de produção em alta e dividendos ainda atrativos, grande parte do mercado julga que a tese de investimento na Petrobras segue de pé, mesmo após o tombo recente das ações.