Os juros reais pagos pelos títulos públicos brasileiros estão entre os mais altos do planeta, mas mesmo assim parte da bolsa deve render mais. Levantamento do Bradesco BBI, divulgado nesta semana, mostra que 60 das 131 ações acompanhadas pela casa — o equivalente a 45% do universo analisado — têm potencial para entregar retorno real superior ao das Notas do Tesouro Nacional série B com vencimento em 2035 (NTN-B 2035) no horizonte de dez anos.
Para chegar ao resultado, os analistas empregaram o preço justo projetado para 2026 e, a partir de 2027, estimativas de fluxo de caixa descontado. Os retornos foram comparados à taxa real próxima de 7% ao ano oferecida hoje pelos papéis indexados à inflação.
Quando o cálculo é ajustado pelo risco histórico de cada papel, o número de ações que ainda conseguem superar a NTN-B cai para 31. Nesse cenário mais conservador, sobressaem apenas dois setores: Educação, com retorno estimado de 7,7% reais anuais, e Agronegócio, com 7,5%.
O BBI ressalta que as taxas reais das NTN-Bs estão perto do pico histórico e acredita que não permanecerão nesse patamar por muito tempo. A expectativa é de recuo já no primeiro semestre de 2026, à medida que a Selic comece a cair e as discussões sobre reformas fiscais avancem.
Os papéis identificados foram divididos em duas cestas. Na primeira, batizada de “Large Caps Melhores que Títulos”, entram empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão e retorno projetado acima do oferecido pela NTN-B. Esse grupo superou o Ibovespa em 12 pontos percentuais no acumulado do ano.
A segunda cesta reúne companhias com capitalização abaixo de US$ 1 bilhão, chamadas de “Small Caps Melhores que Títulos”. Até agora, elas ficaram três pontos percentuais atrás do Índice Bovespa de Small Caps.
Considerando o ajuste por volatilidade, estas são as 30 ações destacadas pelo Bradesco BBI, separadas pelo porte de mercado:
Imagem: REUTERS via infomoney.com.br
Large Caps
Small Caps
Para efeito de comparação, a NTN-B 2035 oferece ganho real de 7,1% ao ano, que cai para 6,6% após o ajuste de risco.
O banco vê o Brasil como principal aposta na América Latina diante da perspectiva de cortes nos juros. Estrangeiros investiram saldo líquido de R$ 20 bilhões em ações brasileiras em 2025, fluxo compensado por resgates de investidores locais. O BBI projeta retomada desse capital doméstico com o afrouxamento monetário.
Na hipótese de juros reais recuarem para 5%, a projeção aponta potencial de valorização de 20% para o Ibovespa. Dentro de uma estratégia mais agressiva, o banco acrescentou papéis sensíveis à taxa de juros — Localiza, Assaí, Allos — além de BTG Pactual e Sabesp.