O Ethereum chegou ao décimo aniversário nesta quarta-feira (10), período em que consolidou-se como a maior blockchain de finanças descentralizadas (DeFi), com cerca de US$ 85 bilhões em valor total bloqueado (TVL) e o segundo maior ativo digital em valor de mercado, atrás apenas do Bitcoin.
Idealizado por Vitalik Buterin, que distribuiu a primeira versão do white paper em 2013, o projeto arrecadou US$ 18,3 milhões em uma oferta inicial de moedas (ICO) e entrou em operação em 2015, oferecendo contratos inteligentes. Em 2016, o hack de aproximadamente US$ 60 milhões na organização The DAO levou desenvolvedores e comunidade a realizarem um hard fork para reverter o roubo. O processo resultou na criação de dois blocos distintos: o Ethereum — que manteve o nome original — e o Ethereum Classic, que não acompanhou o mesmo ritmo de crescimento.
Com o padrão de token ERC-20, o Ethereum tornou-se a plataforma preferida para ICOs. O preço do Ether saltou de menos de US$ 10, no início de 2017, para cerca de US$ 1.450 em janeiro de 2018, enquanto o Bitcoin superou US$ 19 mil. Nesse intervalo, o jogo NFT CryptoKitties congestionou a rede e expôs limitações de escalabilidade. Em 2018, órgãos reguladores dos Estados Unidos intensificaram investigações sobre ofertas não registradas, e o ETH despencou para aproximadamente US$ 85 em dezembro daquele ano.
Durante o primeiro “inverno cripto”, o Ether oscilou entre US$ 100 e US$ 300. Projetos como MakerDAO, Compound e Uniswap lançaram as bases do ecossistema DeFi. Em meados de 2020, a emissão do token COMP inaugurou a onda de yield farming, elevando o TVL da rede além de US$ 1 bilhão e impulsionando o ETH a superar US$ 750 no final do ano.
O ano de 2021 foi dominado pelos tokens não fungíveis. Coleções como CryptoPunks e Bored Ape Yacht Club ganharam celebridade, enquanto a obra digital de Beeple foi arrematada por US$ 69 milhões na Christie’s. O ETH atingiu o recorde histórico de US$ 4.891 em novembro, apesar de as taxas de gás terem se tornado proibitivas para grande parte dos usuários.
Em 2022, a sequência de quebras que começou pela stablecoin algorítmica Terra e culminou na falência da FTX derrubou o ETH de cerca de US$ 3.800, em janeiro, para perto de US$ 1.000, em junho. Em 15 de setembro, porém, a rede concluiu o aguardado Merge, abandonando o modelo proof-of-work e adotando o proof-of-stake.
Com a mudança de consenso, o foco migrou para soluções de segunda camada (L2) como Arbitrum, Optimism e zkSync. O airdrop de ARB, em março de 2023, reacendeu o entusiasmo dos usuários. Tokens de staking líquido — entre eles Lido e Rocket Pool — passaram a representar mais de um terço do total em stake até julho. O ETH subiu de cerca de US$ 1.200, no início do ano, para aproximadamente US$ 2.300 em dezembro.
Imagem: Trader Iniciante 2 (10)
Em 2024, novas L2 como Base, Mantle e Blast ampliaram a liquidez, mas criaram ecossistemas isolados. A atualização EIP-4844, implementada em março, barateou transações e impulsionou o valor bloqueado em rollups para mais de US$ 50 bilhões em dezembro. Paralelamente, os Estados Unidos aprovaram os primeiros fundos negociados em bolsa (ETFs) lastreados em Ether, reacendendo o interesse institucional.
Em 2025, a Fundação Ethereum sinalizou o retorno do foco ao layer 1, enquanto entradas em ETFs de Ether ultrapassavam as de produtos similares de Bitcoin. Empresas listadas em bolsa começaram a adotar ETH como reserva de valor. Após tocar mínimas próximas de US$ 1.500 em abril, o token recuperou-se para cerca de US$ 3.800, refletindo a demanda crescente de investidores institucionais.
A rede de contratos inteligentes completa uma década marcada por inovações, ataques, hard forks, booms especulativos e mudanças estruturais, mantendo-se no centro do ecossistema de criptoativos.
Com informações de Cointelegraph