Investidores da Europa estão prestes a registrar aportes históricos em fundos de índice (ETFs) voltados para ações de mercados emergentes em 2025, impulsionados por projeções de crescimento mais robusto, preços considerados atrativos e pela recente desvalorização do dólar, que caiu ao menor patamar em três anos.
Dados da Morningstar Direct indicam que, de janeiro a julho, ETFs de ações de países em desenvolvimento listados na Europa — incluindo o Reino Unido — receberam 8,1 bilhões de euros (cerca de R$ 50 bilhões) em entradas líquidas. O montante já supera todo o volume captado em 2024 e caminha para ultrapassar o recorde de 10,9 bilhões de euros (R$ 68,9 bilhões) registrado em 2023.
“O cenário é animador para os emergentes”, afirmou Lena Tsymbaluk, diretora associada de estratégias de ações da Morningstar. Segundo ela, a fraqueza do dólar fortalece moedas locais, reduz a inflação e abre espaço para cortes de juros nessas economias.
Os fundos de renda fixa de emergentes avançaram de forma mais contida, com captação líquida de 1,1 bilhão de euros (R$ 7 bilhões) — o maior nível desde 2019, após três dos cinco anos anteriores registrarem saídas.
Atualmente, os ETFs de ações de emergentes listados na Europa somam 103 bilhões de euros (R$ 651 bilhões) em patrimônio, o dobro do visto no fim de 2020. Já os fundos de títulos encolheram cerca de 20%, para 24,4 bilhões de euros (R$ 154 bilhões) no mesmo intervalo.
No Reino Unido, fundos de mercados emergentes domiciliados no país receberam US$ 1,1 bilhão (R$ 6 bilhões) nos sete primeiros meses do ano, valor que, mantido até dezembro, seria positivo, mas não extraordinário em termos históricos.
Plataformas locais confirmam o ritmo moderado. A AJ Bell relatou não observar salto relevante nos fluxos para emergentes, enquanto a InvestEngine apontou preferência contínua de seus clientes por ETFs globais.
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Mesmo com o índice MSCI Emerging Markets superando o S&P 500 em 2025, as ações dos EUA continuam mais caras. O ETF iShares MSCI Emerging Markets negocia a 15,7 vezes o lucro dos últimos 12 meses e 2,1 vezes o valor patrimonial. Em Wall Street, o S&P 500 apresenta múltiplos de 28,5 e 5,1, respectivamente.
O desconto em relação às companhias europeias, porém, praticamente deixou de existir: o índice do continente é cotado a 17,2 vezes os lucros e 2,1 vezes o valor contábil.
Apesar de representar cerca de 30% do MSCI EM, a China tem atraído cautela. O ETF iShares MSCI EM ex China Ucits captou mais recursos neste ano do que a versão que inclui o país, segundo a Morningstar.
Considerando também fundos mútuos, a categoria Global Emerging Markets ex-China Equity liderou a preferência de investidores europeus nos últimos 12 meses, com entradas líquidas de 2,7 bilhões de euros (R$ 17 bilhões). Já os fundos dedicados exclusivamente a ações chinesas registraram saídas de 600 milhões de euros (R$ 3,8 bilhões).
Tsymbaluk observa que produtos que deixam a China de fora têm ganhado força entre investidores que aplicam critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), em razão de recorrentes preocupações com governança corporativa no país.