Ex-diretor do BC projeta Selic em 11% no fim de 2026 após cortes acelerados

Estratégias de investimento1 minuto atrás6 Visualizações

O Banco Central deve iniciar o ciclo de redução da Selic entre janeiro e março do próximo ano e acelerar o ritmo dos cortes para 0,50, 0,75 ou até 1 ponto percentual por reunião, fazendo a taxa chegar a 11% no encerramento de 2026. A projeção é de Bruno Serra, ex-diretor de Política Monetária da autoridade monetária e atual gestor do fundo multimercado Itaú Janeiro, da Itaú Asset.

Durante evento promovido pela gestora, Serra afirmou que o calendário exato — janeiro ou março — é menos relevante do que garantir que o afrouxamento comece até abril. “Se até abril a Selic não cair, será um erro do Banco Central”, disse.

Condições para o corte

Serra destacou que o último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) trouxe projeção de inflação de 3,2% para os próximos 18 meses, patamar compatível com a meta. Segundo ele, o cenário esperado para o início do ano inclui inflação corrente perto de 3%, expectativas em torno de 3,8%, crescimento do PIB de 1,5% e sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho. “Com juros em 15% ao ano, não faz sentido manter a taxa nesse nível”, avaliou.

Na visão do ex-diretor, há espaço para novas quedas nas expectativas de inflação e para maior desaceleração no emprego, o que reforça a possibilidade de cortes antecipados. Ele lembrou que, no ciclo de alta que levou a Selic a 15%, o Copom chegou a elevar o juro em 1 ponto percentual em três reuniões consecutivas. “Um movimento simétrico de queda não surpreenderia”, afirmou.

Riscos para a atividade

Para Serra, a inflação já cedeu e o principal risco agora é uma retração excessiva da economia. Ele recordou que, nos últimos três anos, as projeções de crescimento ficaram abaixo do resultado efetivo, mas alerta para o inverso em 2025, caso a política monetária permaneça restritiva por mais tempo.

Taxa real ainda elevada

No cenário considerado mais provável, a Selic fecharia 2026 em 11% ao ano. Mesmo com inflação entre 3% e 4%, isso representaria juro real de 7% a 8%, acima da taxa de equilíbrio estimada pelo BC em 5%. Caso o ambiente fiscal melhore e o processo eleitoral transcorra sem maiores ruídos, a Selic poderia recuar a 8,5% ou 9%, níveis próximos ao juro neutro.

Independência do Banco Central

Serra avalia que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, já demonstrou independência ao manter a inflação sob controle desde que assumiu a diretoria em 2023 e, posteriormente, a presidência da instituição. “Ele colocou a taxa onde ninguém imaginava; não deve haver discussão sobre perda de ancoragem de expectativas nesse ponto”, comentou.

Impulso para o fundo Itaú Janeiro

O gestor reconheceu que a redução dos juros favorece a estratégia de seu fundo, atualmente posicionado para capturar a queda da Selic. Este ano, a carteira se beneficiou da diminuição da inflação implícita, que passou de projeções acima de 6% para cerca de 4%. “Em 2025, o ganho virá do recuo dos juros. Gostaria que fosse mais rápido, mas a cautela do BC deve dar maior confiança e longevidade ao ciclo de cortes”, concluiu.

0 Votes: 0 Upvotes, 0 Downvotes (0 Points)

Deixe um Comentário

Pesquisar tendência
Redação
carregamento

Entrar em 3 segundos...

Inscrever-se 3 segundos...

Todos os campos são obrigatórios.