Singapura, 20 de setembro – A tokenização de ações pode representar um grande salto para o mercado financeiro tradicional, mas seus benefícios para o setor cripto permanecem incertos, afirmou Rob Hadick, sócio geral da firma de capital de risco Dragonfly, durante o evento TOKEN2049.
“Não há dúvida de que esse movimento terá efeito expressivo sobre o TradFi; eles querem negociação 24 horas por dia e custos menores”, disse Hadick. “Já para blockchains amplas, como a Ethereum, os ganhos ainda não estão claros.”
Segundo o executivo, grandes instituições financeiras não pretendem operar diretamente em cadeias públicas. Ele citou Robinhood e Stripe como exemplos de empresas que desenvolvem suas próprias redes para manter privacidade, definir o conjunto de validadores e evitar compartilhar espaço de bloco com memecoins.
Hadick destacou que, caso as ações tokenizadas migrem para soluções de camada 2, o valor gerado pode não retornar à Ethereum e a outros projetos de criptoativos como se espera. “Se construírem blockchains de camada 1 próprias, fica ainda menos claro como esse valor circulará pelo restante do ecossistema”, avaliou.
Nos últimos anos, diversos projetos permissionados fracassaram, mas hoje as instituições tendem a adotar modelos híbridos: redes sob seu controle, com possibilidade futura de abertura.
Imagem: Trader Iniciante 2 (17)
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) examina propostas para permitir que versões em blockchain de ações sejam negociadas em bolsas de criptoativos. Entre os interessados estão gestoras como VanEck e a Bolsa de Nova York (NYSE), que se reuniram recentemente com o órgão regulador.
Em setembro, a Nasdaq solicitou mudança de regras para listar e negociar papéis tokenizados. Apesar do avanço, o segmento ainda é incipiente: detém US$ 735 milhões em valor travado, apenas 2,3 % do total de ativos do mundo real representados on-chain, de acordo com a plataforma RWA.xyz.
O posicionamento de Hadick difere do de nomes como Tom Lee (Fundstrat), Jan van Eck (VanEck) e Joseph Lubin (Consensys), que apostam em fortes benefícios para a Ethereum caso Wall Street migre suas operações para a blockchain.