Em coluna publicada nesta quinta-feira (data original da publicação), o educador financeiro Michael Viriato afirma que nenhum investimento é totalmente isento de perigo, nem mesmo os chamados “ativos livres de risco”. O especialista destaca que a noção de proteção absoluta é ilusória e pode levar investidores a frustrações.
Segundo Viriato, a teoria financeira define esse tipo de ativo como aquele que, no momento da aplicação, permite saber exatamente o valor a receber no vencimento. Para isso, a remuneração deve ser prefixada, sem risco de crédito, denominada em uma única moeda, com prazo determinado e sem pagamento de cupons, eliminando o risco de reinvestimento.
O colunista cita a LTN do Tesouro Nacional com vencimento em janeiro de 2032, cujo rendimento anual está em 13,83%. Quem investir R$ 1.000 hoje, explica, terá R$ 2.227,46 na data de resgate, característica que a coloca entre os instrumentos mais próximos de um ativo livre de risco em reais.
Viriato alerta que mesmo títulos prefixados sofrem com outros tipos de ameaça. Caso a inflação suba para 15% ao ano, o investidor perde poder de compra. Além disso, a marcação a mercado pode gerar oscilações antes do vencimento, e o retorno pode ficar abaixo de referências como CDI ou dólar, dependendo do cenário econômico.
Aplicações indexadas ao CDI protegem apenas contra variações dessa taxa, mas não garantem desempenho superior à inflação ou a outras moedas. Já papéis ligados ao IPCA asseguram correção pela inflação oficial apenas se mantidos até o vencimento; no meio do caminho, seu preço também oscila conforme as taxas de juros reais.
Imagem: redir.folha.com.br
O colunista também menciona o metal precioso como exemplo de proteção específica. De acordo com ele, classificá-lo como seguro universal pode induzir erros, pois o preço de compra influencia diretamente o resultado — pagar qualquer valor pelo “porto seguro” pode resultar em perdas.
Para Viriato, toda estratégia de defesa envolve um risco, um prazo e um custo. O investidor deve, portanto, identificar claramente qual ameaça deseja mitigar e avaliar se está disposto a pagar o preço financeiro e emocional dessa escolha.
“O guarda-chuva não impede a chuva; apenas ajuda a atravessar melhor a tempestade”, conclui o educador financeiro ao enfatizar que a proteção no mercado financeiro sempre tem limites.