Exportadores brasileiros de café veem piora após EUA manterem tarifa de 40%

Mercado Financeiro3 minutos atrás6 pontos de vista

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A manutenção da tarifa de 40% sobre o café brasileiro nos Estados Unidos, mesmo após a redução de 10% anunciada por Washington para diversos produtos agrícolas, gerou novas preocupações no setor. O decreto assinado pelo presidente Donald Trump retirou a sobretaxa a fornecedores de vários países, mas preservou a cobrança para itens originários do Brasil.

“Nossa competitividade segue afetada, se não, até pior, porque nossos concorrentes estão isentos, e o Brasil continua com a tarifa de 40%”, afirmou Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Perda de espaço para concorrentes

Empresas brasileiras temem que Colômbia, Costa Rica, Etiópia, Vietnã e Indonésia assumam fatias dos blends vendidos ao mercado norte-americano. Segundo Matos, quanto mais tempo a sobretaxa perdurar, maior o risco de o consumidor dos EUA se habituar a novos perfis de sabor.

Queda nas exportações

Levantamento da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) mostra que, entre agosto e outubro deste ano, os embarques de cafés especiais para os EUA recuaram 55% em relação ao mesmo período de 2024, passando de 412 mil para 190 mil sacas de 60 quilos.

A entidade defende que o governo brasileiro acelere as negociações com Washington para derrubar completamente a barreira tarifária.

Impacto sobre outros produtos agrícolas

Análise preliminar da Confederação Nacional da Indústria (CNI) identificou 80 itens do agronegócio brasileiro que serão favorecidos pela retirada do adicional de 10%. Eles renderam US$ 4,6 bilhões em 2024, equivalentes a 11% das vendas ao mercado norte-americano.

Quatro produtos (castanha-do-pará e três categorias de suco de laranja) ficaram totalmente livres das taxas por já integrarem uma lista de exceções divulgada em julho. Outros 76, entre eles carne bovina e café não torrado, continuam sujeitos à tarifa de 40%.

Prejuízos para a carne bovina

A sobretaxa aplicada em agosto pelos EUA resultou em perdas estimadas em US$ 700 milhões ao setor de carne bovina, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). No trimestre de vigência das medidas, as vendas para os EUA diminuíram 36,4%.

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Imagem: redir.folha.com.br

Em outubro, o recuo foi ainda maior: 54% na carne in natura, 20,3% na industrializada e 70,4% em sebo e outras gorduras, sempre na comparação com o mesmo mês de 2024. Apesar disso, o forte ritmo de exportações no começo do ano fez a receita de janeiro a outubro crescer 40,4%, alcançando US$ 1,79 bilhão.

A China segue como principal destino, com exportações totais de carne bovina e derivados somando US$ 14,65 bilhões nos dez primeiros meses do ano, alta de 36% e recorde histórico, segundo a entidade.

Demanda mantém fluxo para os EUA

Para Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o alívio parcial nas tarifas não prejudica o país porque a indústria norte-americana necessita de matéria-prima em volume que poucos fornecedores conseguem garantir. Ele ressalta que o Brasil vende principalmente cortes do dianteiro destinados ao processamento, segmento com oferta global limitada.

Suco de laranja tem alívio parcial

Os EUA incluíram todos os códigos tarifários do suco de laranja brasileiro — concentrado e não concentrado — na lista de produtos isentos da sobretaxa de 10%, reduzindo a pressão sobre o setor em meio a preços internacionais menores, informou a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

Persistem, porém, a tarifa tradicional de US$ 415 por tonelada de suco concentrado e as cobranças sobre subprodutos, como óleos essenciais e farelo de laranja. A entidade espera avanço nas tratativas para eliminar completamente essas barreiras.

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