São Paulo — O município de Extrema, no sul de Minas Gerais, corre o risco de ver sua relevância logística encolher nos próximos anos com o fim dos benefícios tributários que atraíram empresas para a região, afirmou Giancarlo Nicastro, CEO da plataforma imobiliária Siila, em entrevista ao programa Liga de FIIs, do InfoMoney.
Segundo o executivo, o desenvolvimento de Extrema nos últimos 15 anos foi sustentado principalmente por incentivos fiscais e não pela eficiência de distribuição. “O país está migrando de uma lógica de logística tributária para logística de entrega”, observou.
Com menos de 100 mil habitantes e mais de 1 milhão de metros quadrados em galpões logísticos e industriais, a cidade enfrenta desequilíbrio entre a oferta de vagas e a disponibilidade de trabalhadores. “Empresas já pagam bônus para quem indica amigos que permaneçam mais de três meses”, disse Nicastro, citando a dificuldade de contratação local.
Outro ponto crítico apontado é a condição das rodovias que servem o município. Para o CEO, as vias têm qualidade inferior a corredores estratégicos como a Rodovia Presidente Dutra e os sistemas Bandeirantes–Anhanguera, o que pode limitar a atratividade futura.
Nicastro comparou a situação de Extrema ao que ocorreu com Alphaville, na Grande São Paulo, que experimentou alta vacância após a retirada de incentivos. “Quando o benefício acabou, muitas companhias saíram. Hoje a vacância lá atinge 50%, e escritórios de padrão elevado são alugados por R$ 60 a R$ 70 o metro quadrado. Vejo risco semelhante para Extrema em cinco a dez anos”, afirmou.
Imagem: infomoney.com.br
Apesar do alerta, o executivo avalia que os efeitos não serão imediatos. No curto prazo, a cidade ainda se beneficia dos incentivos vigentes e da baixa taxa de vacância nos galpões. Contudo, problemas estruturais podem limitar a expansão no longo prazo, concluiu.
A entrevista completa vai ao ar na edição desta semana do Liga de FIIs, transmitida às quartas-feiras, às 18h, no canal do InfoMoney no YouTube.