Duas famílias ingressaram com uma ação de homicídio culposo contra a Meta, acusando a empresa de não adotar medidas de proteção que poderiam ter evitado esquemas de sextorsão no Instagram e, consequentemente, o suicídio de seus filhos.
O processo foi registrado na quarta-feira, 5, por Tricia Maciejewski, da Pensilvânia (EUA), e por Rosalind e Mark Downey, da Escócia. Segundo a ação, Levi Maciejewski, de 13 anos, morreu em 2024, e Murray Downey, de 16, em 2023, após serem chantageados por desconhecidos que se passaram por possíveis interesses amorosos, solicitaram fotos íntimas e depois ameaçaram divulgar as imagens caso não recebessem mais conteúdo ou dinheiro.
Os pais alegam que as mortes “foram resultado previsível das decisões de design da Meta e de repetidas recusas em implementar recursos de segurança disponíveis e de baixo custo”, priorizando o engajamento à proteção dos usuários.
A queixa menciona um auditoria interna de 2022 que apontou que a ferramenta “Contas que Você Pode Seguir” sugeriu, em um único dia, 1,4 milhão de perfis potencialmente envolvidos em interações inadequadas com menores. Em 2019, pesquisadores de segurança da própria Meta recomendaram tornar todas as contas de adolescentes privadas por padrão, medida que a companhia teria rejeitado no ano seguinte.
Em 2021, a Meta anunciou restrições a mensagens diretas entre adultos e menores que não se seguiam mutuamente. Contudo, o processo afirma que a mudança era falha e só valia para novos perfis, não representando um “verdadeiro padrão de privacidade”. Segundo as famílias, ajustes completos de “privado por padrão” só teriam sido aplicados no fim de 2023, depois das mortes dos adolescentes.
Imagem: Landon Mion FOXBusiness via foxbusiness.com
Em nota, a empresa declarou que a sextorsão é “um crime horrível” e afirmou colaborar com autoridades para responsabilizar os criminosos. A Meta diz trabalhar para impedir que contas com comportamento suspeito sigam menores, evitar recomendar adolescentes a esses perfis, desfocar imagens potencialmente sensíveis enviadas em mensagens e alertar jovens sobre riscos ao compartilhar conteúdo íntimo.
A companhia também reiterou que, desde 2021, contas de usuários menores de 16 anos são configuradas como privadas no momento da criação, ponto contestado pelo processo.
O Social Media Victims Law Center, que representa as famílias, sustenta que a plataforma “transformou o Instagram no epicentro de suicídios juvenis ligados à sextorsão”. Este é pelo menos o quinto processo contra a Meta relacionado ao mesmo tipo de esquema.