Presidente do FGC propõe rever regras após bancos usarem garantia em campanhas de CDB

Mercado Financeiro2 dias atrás18 Visualizações

Brasília e São Paulo — O presidente do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), Daniel Lima, afirmou que o órgão avalia mudanças nas normas para impedir que instituições financeiras utilizem a cobertura de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ como ferramenta de marketing na venda de Certificados de Depósito Bancário (CDBs).

Segundo o economista, um eventual aporte adicional das instituições ao fundo “não é tão urgente nem premente”, mas a revisão do desenho de incentivos é considerada necessária. “Existe consenso de que o tema precisa ser tratado”, disse Lima em entrevista.

Maior resgate da história

Lima comandará o pagamento de R$ 41 bilhões aos depositantes do Banco Master, liquidado pelo Banco Central na terça-feira (18). Trata-se do maior desembolso já realizado pelo FGC, criado há 30 anos para prevenir crises sistêmicas e proteger investidores.

Dados do fundo mostram que 1,6 milhão de credores têm direito à garantia. Muitos adquiriram CDBs do Master, atraídos por rendimentos acima da média e pela cobertura do FGC, sem avaliar o risco do emissor. Assessores de investimentos também usaram a garantia para impulsionar as vendas e receberam comissões elevadas do banco.

Impacto nas reservas

O pagamento aos credores consumirá perto de 30% das reservas do FGC, hoje em torno de R$ 120 bilhões. Após indenizar os investidores, o fundo entrará na fila de credores do Master — atrás de funcionários e do fisco — para tentar reaver parte dos recursos.

Presidente do FGC propõe rever regras após bancos usarem garantia em campanhas de CDB - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Lima adiantou que a equipe fará projeções de receitas futuras, provenientes das contribuições regulares dos bancos. Caso os cálculos indiquem recomposição em até cinco anos, não haverá necessidade de novas chamadas de capital. Caso contrário, poderão ser discutidas elevação ou antecipação de aportes.

Venda de ativos e mercado secundário

O Will Bank, pertencente ao conglomerado Master, ficou fora da liquidação e poderá ser vendido, reduzindo as perdas do FGC. Outro ponto de atenção, segundo Lima, é o comércio de CDBs no mercado secundário: antes da intervenção, investidores venderam aplicações acima de R$ 250 mil, o que deve aumentar os desembolsos do fundo.

Perfil

Daniel Lima, 45 anos, é Ph.D. em Economia pela Universidade da Califórnia em San Diego. Integra os conselhos da Anbima e da International Association of Deposit Insurers (IADI) e já presidiu a fundação Petros. Seu mandato no FGC vai até 2028.

0 Votes: 0 Upvotes, 0 Downvotes (0 Points)

Deixe um Comentário

Siga-nos!
Pesquisar tendência
Redação
carregamento

Entrar em 3 segundos...

Inscrever-se 3 segundos...

Todos os campos são obrigatórios.