Penny, moeda de 1 centavo dos EUA, deixa de ser produzida após 232 anos

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A moeda de 1 centavo de dólar, popularmente chamada de penny, encerrou sua história de 232 anos nesta quarta-feira (12) na Casa da Moeda da Filadélfia. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos apontou “irrelevância” e “custo elevado” como causas do fim da produção.

Hoje, um centavo não compra nem balas que um dia custaram esse valor, e cunhar cada peça passou a exigir mais de 3 centavos em despesas — diferença considerada insustentável. As últimas unidades foram prensadas na tarde de quarta-feira na presença de autoridades do Tesouro; não houve cerimônia formal nem declaração final.

Da era Hamilton à assinatura de Trump

Criado em 1793 por iniciativa de Alexander Hamilton, primeiro secretário do Tesouro e autor principal do Ato de Cunhagem, o penny enfrentou sucessivas metamorfoses. O anverso, que começou com a figura da Liberdade, ganhou o retrato de Abraham Lincoln em 1909 e manteve essa imagem até o último dia. O reverso variou de uma corrente de 15 elos a espigas de trigo, passando pelo Memorial Lincoln, quatro desenhos comemorativos em 2009 e, mais recentemente, um escudo da União.

O material também mudou: totalmente de cobre no início, aço revestido de zinco em 1943 por causa da Segunda Guerra e, desde 1982, liga de 97,5% de zinco com 2,5% de cobre, mantendo o tom avermelhado original.

Ícone cultural em queda livre

Ao longo das décadas, o centavo inspirou ditos populares (“um centavo por seus pensamentos”), filmes como “Penny Serenade” e músicas como “Penny Lover”. Serviu ainda de enfeite nos mocassins penny loafers e ganhou fama de amuleto quando encontrado no chão — superstição jamais comprovada.

O prestígio cultural, no entanto, não conteve o declínio. Cada vez mais relegado a potes de troco ou bandejas de “deixe um centavo”, o penny virou alvo de campanhas por sua extinção. Em fevereiro, o então presidente Donald Trump oficializou o fim da moeda ao assinar o decreto que interrompe a cunhagem.

Imagem: redir.folha.com.br

Legado e futuro das moedas de pequeno valor

A descontinuação segue os passos do meio centavo norte-americano, aposentado em 1857, e do penny canadense, retirado de circulação em 2012. Já o penny britânico, criado no século VII, permanece em uso.

Estima-se que cerca de 250 bilhões de moedas de 1 centavo ainda circulem ou permaneçam esquecidas em gavetas. À medida que desaparecem, pagamentos em dinheiro nos Estados Unidos deverão ser arredondados para o múltiplo de 5 centavos mais próximo.

Com o adeus ao centavo, colecionadores voltam a atenção ao nickel (5 centavos), cuja capacidade de compra também despencou e que hoje custa mais do que uma moeda de 10 centavos para ser produzida.