A captação líquida dos fundos de renda fixa alcançou R$ 150,2 bilhões entre janeiro e setembro, impulsionada pela taxa Selic mantida em 15% desde junho e pelo desempenho negativo de categorias concorrentes.
No mesmo intervalo, os multimercados registraram saída líquida de R$ 73,3 bilhões, enquanto os fundos de ações perderam R$ 50,4 bilhões. A combinação de juros elevados e alternativas isentas de Imposto de Renda tem direcionado os investidores para produtos de menor risco, segundo Fernando Siqueira, head de Research da Eleven Financial.
Eduardo Solamone, diretor de Relação com o Investidor da Sol Agora, afirma que discussões sobre possível tributação de algumas classes de ativos aceleraram a migração para produtos livres de imposto. Embora a proposta não tenha avançado, o movimento antecipado contribuiu para o saldo positivo dos fundos de renda fixa.
Os fundos que aplicam em títulos isentos concentram-se principalmente em debêntures incentivadas, mas também podem incluir CRI, CRA, LCI e LCA. Siqueira ressalta que, após casos de crédito envolvendo Ambipar, Braskem e preocupações sobre o Banco Master, investidores passaram a buscar papéis de emissores com alto rating, como Petrobras, evitando companhias menores.
Imagem: infomoney.com.br
Para os próximos meses, o mercado projeta início do ciclo de corte da Selic, reflexo da acomodação dos núcleos de inflação. Segundo Siqueira, a redução dos juros tende a reaquecer a procura por fundos de ações e multimercados, padrão observado em períodos anteriores.
Contudo, as estimativas sobre o momento exato da queda foram postergadas. Após a reunião do Copom de setembro, apostas que antes se dividiam entre janeiro e março já se deslocam para abril ou maio, influenciadas por medidas como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.