São Paulo – 12.nov.2025 – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu nesta quarta-feira (12) a manutenção da taxa básica de juros em patamar restritivo e afirmou que a autoridade monetária “não pode brigar com os dados” ao conduzir a política monetária.
A declaração foi feita dois dias depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer que existe “espaço para cortes” na Selic. “Qualquer setor da sociedade pode discordar do Banco Central. O que o BC não pode é ignorar as informações que orientam o nosso mandato”, afirmou Galípolo durante evento em São Paulo.
O Banco Central persegue uma inflação de 3% ao ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Nos 12 meses até outubro, o IPCA acumula alta de 4,68%, superando o teto da meta.
Galípolo lembrou que, nos 11 meses transcorridos de seu mandato, a inflação não ficou dentro do intervalo tolerado em nenhum momento. Segundo o presidente do BC, algumas projeções indicam que o índice poderá permanecer acima do centro da meta durante boa parte de sua gestão.
No último comunicado do Copom, o colegiado reiterou que a Selic em 15% ao ano, mantida por período prolongado, é condição necessária para trazer o IPCA à meta. “Está claro por que operamos com uma taxa de juros elevada e por que entendemos que ela precisa permanecer nesse nível”, disse Galípolo.
Questionado sobre a política fiscal do governo Lula, o presidente do BC afirmou que o papel da autarquia é avaliar como as contas públicas influenciam a inflação e as expectativas. “A variável que acompanho o tempo todo é a inflação”, resumiu.
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Ele reconheceu que a percepção negativa sobre o quadro fiscal reduz a eficácia da política monetária, tema que vem sendo estudado pela equipe liderada por Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC. O objetivo é entender por que, apesar do juro real próximo de 10% ao ano, o crédito e o consumo mostram resiliência maior que a observada em outras economias.
Mesmo com custo do crédito elevado, os empréstimos no país seguem em expansão, embora em ritmo menor. O mercado de trabalho continua aquecido: a taxa de desemprego medida pelo IBGE ficou em 5,6% no trimestre encerrado em setembro, a menor da série iniciada em 2012.
Galípolo concluiu que o BC continuará monitorando a atividade, o mercado de crédito e as expectativas para calibrar a Selic, sempre com foco exclusivo no controle da inflação.