A influência da herança biológica sobre resultados de educação, renda e ocupação pode chegar a 50% em nações nórdicas, segundo estudos citados pelo economista Michael França em coluna publicada em setembro de 2025.
De acordo com o pesquisador do Insper, pesquisas realizadas em países que reduzem diferenças de origem por meio de políticas públicas mostram que fatores inatos explicam de 30% a 50% das variações socioeconômicas. Já em sociedades com maior desigualdade, essa proporção costuma ficar abaixo de 20%, porque o ambiente social e econômico exerce peso maior sobre o futuro das pessoas.
França ressalta que aptidões genéticas oferecem apenas o ponto de partida. Para transformar talento em resultado, afirma, são necessários recursos como renda familiar adequada, escolas de qualidade, estrutura de apoio e ausência de discriminação. Ele observa que jovens com alta capacidade cognitiva podem não chegar à universidade se crescerem em situação de pobreza, enquanto pessoas com talento esportivo dificilmente se tornam profissionais sem treino e alimentação adequados.
Na avaliação do economista, a chamada “loteria social” — condições de nascimento, local onde se vive e regras institucionais — é determinante para que indivíduos consigam desenvolver ou não suas habilidades. Em contextos onde essas regras favorecem poucos, como no Brasil, a meritocracia tende a beneficiar quem já parte em vantagem.
Imagem: redir.folha.com.br
A coluna homenageia a música “Can You Get To That”, do grupo Funkadelic.