Estudo aponta redução de até 40% na capacidade das hidrelétricas da Amazônia até 2065

Mercado Financeiroagora mesmo6 Visualizações

A geração hidrelétrica na Amazônia poderá encolher entre 30% e 40% nas próximas quatro décadas, segundo o relatório Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil, produzido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

O levantamento, que avalia projeções de chuva, vazão dos rios e segurança hídrica até 2065, alerta que investimentos calculados apenas por séries históricas correm o risco de resultar em usinas incapazes de produzir a energia prevista, pressionando tarifas e ampliando o uso de termelétricas a combustíveis fósseis.

Região Norte lidera o risco

Enquanto Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentam projeções de redução de até 10% na geração hidrelétrica, a região Norte concentra o cenário mais crítico, com estimativa de perdas de 30% a 40% no volume de água que chega às turbinas.

“Considerando que a geração de energia seja diretamente relacionada à vazão média afluente, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste mostram reduções de 0 a 10%, enquanto a região Norte apresenta as projeções mais pessimistas, com alterações de 30 a 40%”, registra o estudo.

Usinas já operam em condições alteradas

Grandes empreendimentos como Belo Monte, no rio Xingu, além de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, foram dimensionados com base em séries hidrológicas que não refletem mais o padrão atual. O prolongamento da estação seca e a perda antecipada de umidade do solo já afetam a produção desses complexos.

Estudo aponta redução de até 40% na capacidade das hidrelétricas da Amazônia até 2065 - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

No rio Amazonas, sete das dez maiores cheias dos últimos 125 anos ocorreram de 2009 para cá. Entre as dez piores secas registradas, cinco ocorreram nos últimos 28 anos. As estiagens seguidas de 2023 e 2024 atingiram níveis inéditos.

Impactos além da energia

Metade da potência elétrica brasileira — 50,5% de 216 gigawatts — depende de hidrelétricas. A ANA ressalta que a redução de vazões também comprometerá irrigação, abastecimento urbano e biodiversidade caso esses setores não incorporem projeções climáticas nos seus planejamentos.

Desafios de gestão e orçamento

A agência aponta que cortes de recursos, descontinuidade institucional e a ausência de uma política de Estado que una água e clima ameaçam a resposta do país à crise hídrica. O órgão defende blindagem orçamentária, maior participação social e inovação normativa para lidar com cenários de crescente incerteza.

0 Votes: 0 Upvotes, 0 Downvotes (0 Points)

Deixe um Comentário

Pesquisar tendência
Redação
carregamento

Entrar em 3 segundos...

Inscrever-se 3 segundos...

Todos os campos são obrigatórios.