A geração Z nos Estados Unidos, composta por jovens de 12 a 27 anos, enfrenta pressão financeira maior do que a vivida pelos millennials quando tinham a mesma idade, segundo análise do Washington Post com dados do Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS).
Hoje, integrantes da geração Z destinam 31% mais à moradia do que os millennials há dez anos, já descontada a inflação. Gastos com seguro de saúde cresceram 46% no mesmo período, enquanto a renda real avançou 26%.
Levantamento da TransUnion mostra que o endividamento da geração Z equivale a 16% da renda, ante 12% entre millennials de uma década atrás. O grupo acumula saldos mais altos em cartões de crédito, financiamentos de veículos e hipotecas, mesmo após ajuste inflacionário.
Jovens de 22 a 24 anos apresentam inadimplência maior em cartões e empréstimos para automóveis do que a geração anterior. Cerca de um em cada sete está com o limite do cartão estourado, de acordo com o Federal Reserve de Nova York. As taxas médias de juros nesses cartões rondam 22%, o maior nível já registrado.
Michele Raneri, chefe de pesquisas da TransUnion nos EUA, afirma que a pandemia impactou mais as finanças da geração Z do que a crise financeira global afetou os millennials. O afrouxamento de critérios bancários em 2021 facilitou o acesso de jovens a cartões de crédito, ampliando a exposição a juros altos.
Estimativa do RentCafe aponta que um integrante da geração Z gastará, em média, US$ 145 mil em aluguel até os 30 anos, contra US$ 126 mil desembolsados pelos millennials, valores corrigidos pela inflação. Aluguéis subiram com força em grandes centros costeiros e em cidades como Birmingham (Alabama), onde um apartamento passou de US$ 900 para US$ 1.300, alta de 44%.
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Dados do Federal Reserve de St. Louis indicam que tomadores de 20 a 25 anos acumulavam, em junho de 2022, dívida estudantil média de US$ 21 mil — 13% superior à registrada pelos millennials na mesma etapa da vida, em valores reais.
Apesar da recuperação rápida pós-pandemia e da taxa de desemprego abaixo de 4%, recém-formados da geração Z têm mais probabilidade de estar sem emprego do que a população em geral, revela o Fed de Nova York. Entre trabalhadores de 16 a 24 anos, os salários subiram 8,6% no último ano, superando a média nacional de 5,2%, mas a inflação corroeu parte desses ganhos.
Economistas, como Jimmie Lenz, da Universidade Duke, alertam que a combinação de inflação elevada e juros altos deve acompanhar a geração Z por anos, dificultando a compra da casa própria e outras metas de longo prazo.