A derrubada da Medida Provisória nº 1.303 pelo Congresso, medida que alteraria a tributação sobre investimentos, acentuou a apreensão do mercado financeiro quanto à trajetória das contas públicas federais.
Em participação no programa Giro do Mercado, transmitido nesta sexta-feira (10), o estrategista Matheus Spiess, da Empiricus Research, afirmou que a iniciativa engavetada representava um “plano B ou até plano C” do governo Luiz Inácio Lula da Silva para reforçar a arrecadação após o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
“O IOF foi elevado lá atrás justamente para tentar fechar a conta, sabendo que a receita projetada era superestimada. Essa crise do IOF é sintoma de um problema maior: o engessamento orçamentário brasileiro”, disse Spiess.
Segundo o analista, o Executivo tem recorrido a soluções improvisadas — descritas por ele como “puxadinhos” e “gambiarras” — em vez de enfrentar o crescimento das despesas obrigatórias. A proximidade do calendário eleitoral, acrescentou, reforça a busca por medidas de impacto popular que pressionam o gasto público.
“O governo ganhou popularidade, mas não reduziu a rejeição. Se insistir em ações populistas, pode perder a confiança do mercado e sinalizar falta de compromisso fiscal”, alertou.
Imagem: Gustavo R via moneytimes.com.br
Para investidores, Spiess apontou o ouro como ativo essencial de proteção diante das incertezas fiscais e geopolíticas. Ele destacou que bancos centrais vêm ampliando compras do metal desde 2022, o que, em sua visão, reflete desconfiança crescente sobre a credibilidade das finanças de grandes economias.
O programa ainda abordou o cenário internacional, o desempenho dos mercados globais e outros destaques corporativos.