A montadora chinesa GWM colocou em operação sua primeira linha de produção no Brasil, instalada no antigo complexo da Mercedes-Benz em Iracemápolis, interior de São Paulo. A unidade, adquirida há quatro anos, tem capacidade anual para 50 mil veículos.
Segundo o presidente da GWM International, Parker Shi, o volume é insuficiente para as metas da companhia. “Nosso plano é alcançar de 250 mil a 300 mil unidades produzidas no Brasil”, afirmou durante apresentação à imprensa. Para atingir esse patamar, a empresa pretende construir uma segunda planta, equipada com prensas para fabricação completa de carrocerias.
Atualmente, 35% dos automóveis da GWM são montados fora da China, índice que a montadora deseja elevar para 50%. Shi citou a trajetória da sul-coreana Hyundai, que se consolidou globalmente após abrir fábrica em Piracicaba (SP), a poucos quilômetros de Iracemápolis.
A produção começa pelo SUV híbrido Haval H6. Dentro de duas semanas entra em linha a picape a diesel Poer, e, na segunda quinzena de setembro, será a vez do utilitário grande H9, também movido a diesel.
Parte das instalações deixadas pela Mercedes-Benz foi mantida, incluindo máquinas de solda e equipamentos de pintura; os robôs industriais vieram da China. De acordo com a GWM, a maior parte do maquinário antigo virou sucata.
Alguns componentes já são fornecidos localmente. A montadora tem 110 fornecedores cadastrados, dos quais 18 entregam peças como lubrificantes (Petronas). Pneus Pirelli estão na fase final de desenvolvimento. A área de pintura utiliza tintas nacionais à base de água, produzidas pela PPG, e conta com sistema de tratamento de resíduos.
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Shi declarou que a empresa analisa o mercado latino-americano desde 2000 e que pretende crescer “um passo de cada vez” para evitar erros. Questionado sobre a estratégia da concorrente BYD, que inicia operação em Camaçari (BA) com veículos quase prontos vindos da China, o executivo limitou-se a dizer que cada fabricante segue seu próprio modelo.
Ao longo da apresentação, funcionários fizeram questão de mostrar que várias etapas de montagem já ocorrem no Brasil, numa tentativa de se diferenciar do sistema CKD — quando o veículo chega completamente desmontado do exterior.
Com a linha de Iracemápolis em funcionamento e a segunda fábrica em estudo, a GWM aposta em diversificar a produção local para ampliar participação no mercado brasileiro e latino-americano.