Brasília – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tornou-se a principal voz do governo Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de restabelecer o diálogo com Washington depois que o presidente norte-americano Donald Trump elevou em 50% as tarifas sobre produtos brasileiros.
Desde o anúncio do chamado “tarifaço”, Haddad vem reiterando publicamente que o Brasil busca estreitar laços com os Estados Unidos e construir uma parceria baseada na complementaridade das duas economias. A manifestação ocorre em um momento em que a Casa Branca, preocupada com a crescente presença chinesa na América do Sul, sinaliza interesse em recuperar espaço na região.
Em maio, Haddad reuniu-se em Washington com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, em encontro articulado pelo ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga. Em conversa anterior com Janet Yellen, que chefiou o Tesouro durante o governo Joe Biden, o ministro já havia ressaltado que a intenção de Brasília não é se afastar, mas aproximar-se dos EUA.
Os gestos também funcionam como contraponto à atuação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro junto ao governo Trump, apontada em Brasília como um dos fatores que levaram à sobretaxa e às recentes hostilidades contra autoridades brasileiras e o Supremo Tribunal Federal.
Apesar de Trump afirmar “amar os brasileiros” e se dizer disposto a conversar com Lula sobre o tema, fontes diplomáticas avaliam que as ameaças continuam. Até o momento, Washington incluiu 700 itens na lista de exceções ao aumento tarifário — uma sinalização de que a lógica comercial prevalece sobre o embate político.
Paralelamente, crescem rumores na capital federal de que novos pacotes de sanções possam atingir autoridades brasileiras e seus familiares, entre elas a embaixadora em Washington, Maria Luiza Viotti.
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Para o governo brasileiro, a pressão mais eficaz contra as tarifas passa pelo impacto direto no bolso de empresas e consumidores norte-americanos. Caso os EUA mantenham o afastamento, avalia-se que o espaço para uma aproximação maior com Pequim tende a ampliar-se.
As movimentações de Haddad, portanto, buscam abrir canais de negociação antes que a disputa geopolítica empurre ainda mais o Brasil em direção à esfera de influência chinesa.
Com informações de Folha de S.Paulo