São Paulo — O Brasil pode enfrentar um desequilíbrio grave no suprimento de eletricidade a partir de 2027. Segundo os gestores Gustavo e Rodrigo Heilberg, da Hix Capital, dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam 70% de probabilidade de desabastecimento naquele ano, além de 30% já em 2026.
De acordo com os irmãos Heilberg, o problema combina avanço rápido no consumo com atraso na contratação de novas usinas térmicas. “O leilão necessário deveria ter ocorrido em 2023 para garantir cinco anos de construção; foi adiado para 2026, o que projeta um déficit entre 2028 e 2031”, afirmou Gustavo, CEO da gestora.
O crescimento acelerado de fontes renováveis, especialmente solar e eólica, tem gerado excedente de oferta no meio do dia e falta de energia no fim da tarde, quando a demanda aumenta e a produção solar cai. “Mesmo com reservatórios cheios, o Operador Nacional do Sistema (ONS) precisou acionar térmicas à noite”, explicou Rodrigo. Segundo ele, o preço da energia chega a variar de zero real ao meio-dia para até R$ 1.200 no início da noite.
Nesse cenário, a Hix Capital aponta a Eneva (ENEV3) como potencial beneficiária. A empresa possui usinas térmicas contratadas há mais de uma década, originalmente para garantir energia firme em períodos de seca. “Agora, a demanda é por potência instantânea, e esses ativos ganham valor”, disse Rodrigo. Ele acrescenta que a possível necessidade de recontratação de térmicas e de importação de gás natural liquefeito (GNL) tende a melhorar a rentabilidade da companhia.
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Para os gestores, a combinação de demanda crescente, oferta intermitente e atraso em novos projetos torna urgente a expansão da capacidade térmica, sob risco de afetar o abastecimento já na metade da década.