O investidor Howard Marks, cofundador da Oaktree Capital Management, afirmou em seu memorando mais recente que a alta do mercado de crédito tem sido acompanhada por complacência e falhas de diligência, mas não vê sinais de crise sistêmica.
No documento, Marks citou as falências da fornecedora de autopeças First Brands e da financeira Tricolor como exemplos de riscos naturais em ativos de maior retorno e classificação mais baixa. Segundo ele, o aumento dos spreads desses papéis é consequência direta da elevação da percepção de risco.
Para o gestor, episódios de inadimplência são parte de um ciclo considerado normal. “Não se trata de falha estrutural, e sim de erros humanos motivados pela busca de ganhos em períodos de bonança”, escreveu.
Marks observou que fases de mercado aquecido tendem a elevar a tolerância ao risco e a reduzir a cautela, ambiente em que práticas inadequadas ganham espaço. Ele também criticou a complexidade de alguns acordos de financiamento, que, na sua visão, dificulta a avaliação precisa dos riscos envolvidos.
O memorando menciona declaração recente do CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, que comparou a falência da First Brands à aparição de uma barata: “quando se vê uma, provavelmente há mais”. Para Marks, o comentário reforça a importância de vigilância constante, mas não muda o diagnóstico de que o sistema permanece sólido.
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O cofundador da Oaktree lembrou ainda que os mercados se alternam entre otimismo excessivo e pessimismo exagerado. Durante as fases de crescimento, investidores costumam ignorar riscos, enquanto nos períodos de queda, os problemas ganham dimensão maior do que a real.
Ao concluir, Marks defendeu investigação rigorosa antes de qualquer aplicação, medida que, segundo ele, costuma ser deixada de lado quando a confiança domina o mercado.