São Paulo, 5 de dezembro de 2025 – O Ibovespa encerrou esta sexta-feira aos 157.000 pontos, em queda de 4,3%, a maior desvalorização diária em quase cinco anos. O movimento ocorreu após o ex-presidente Jair Bolsonaro, em regime fechado e inelegível, transferir a liderança política do bolsonarismo para o filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), cotado pelo partido para disputar o Planalto em 2026.
A indicação frustrou parte do mercado, que via no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o nome preferencial para a corrida presidencial. A mudança de expectativa detonou vendas generalizadas na B3: das 82 ações do índice, 78 fecharam no vermelho.
Pela manhã, o Ibovespa chegou a renovar máxima histórica ao tocar 165.000 pontos, mas a pressão vendedora apagou os ganhos e transformou o dia em tombo. Com isso, o índice, que acumulava alta semanal de 3,4% até a véspera, terminou a semana com perda de 1%. A valorização no ano recuou para 30,84%.
A última queda de magnitude semelhante fora registrada em 22 de fevereiro de 2021, quando o índice cedeu 4,87% após o então presidente Jair Bolsonaro indicar um general para a presidência da Petrobras.
O volume financeiro atingiu R$ 33 bilhões, mais que o dobro da média dos últimos 12 meses (R$ 16,3 bilhões) e o maior giro desde 30 de agosto de 2024.
No câmbio, o dólar à vista subiu 2,3%, fechando a R$ 5,43. Na semana, a moeda avançou 1,83%, reduzindo a queda acumulada no ano para 12%.
O aumento do risco político também elevou os prêmios de juros:
Imagem: Brenno Carvalho via valorinveste.globo.com
Entre as principais quedas do dia estiveram:
Apenas quatro ações – WEG, Suzano, Klabin e Braskem PNA – escaparam das perdas e fecharam em alta.
Investidores avaliam que a entrada de Flávio Bolsonaro no tabuleiro eleitoral reforça a polarização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, eleva a incerteza fiscal e reduz as chances de uma agenda de privatizações defendida por parte do mercado.
Com o recado político ainda incerto, analistas não descartam novos episódios de volatilidade nas próximas semanas.