São Paulo – Um estudo do Bank of America (BofA) indica que, sempre que o Federal Reserve inicia um ciclo de cortes de juros e a economia dos Estados Unidos caminha para um “pouso suave”, o Ibovespa tende a ganhar força. Nos últimos 40 anos, o principal índice da B3 avançou em média 11% cada vez que o juro norte-americano caiu 100 pontos-base.
Segundo o banco, o movimento positivo no mercado brasileiro se antecipa ao Fed. Três meses antes da primeira redução, a valorização média do Ibovespa é de 8%. Em 2024, o índice acumulou quase 4% de alta nos últimos três meses e 13% em seis meses, encerrando a quarta-feira (10) aos 142.348,70 pontos.
O BofA listou quatro episódios recentes:
• 02/08/1984 – Corte total de 350 pontos-base; Ibovespa subiu 20%, impulsionado pela expectativa de acordo com o FMI.
• 06/07/1995 – Redução de 75 pontos-base; alta de 18% em meio à recuperação após o Plano Real.
• 31/07/2019 – Queda acumulada de 225 pontos-base; avanço de 7%, favorecido por juros mais baixos e agenda pró-mercado.
• 18/09/2024 – Corte de 100 pontos-base; desempenho negativo de 1% três meses depois, em cenário de inflação elevada e real desvalorizado.
Os analistas ressaltam que o comportamento das ações brasileiras não depende apenas do cenário externo. Questões internas, como a situação fiscal, podem manter as taxas de longo prazo em patamar elevado, limitando ganhos na Bolsa.
Imagem: Jonathas Costa via infomoney.com.br
Dados da ferramenta FedWatch apontam que 92% dos participantes do mercado esperam um corte de 25 pontos-base na reunião do banco central norte-americano da próxima semana, levando a taxa para 4,00%–4,25% ao ano. O BofA projeta reduções que somam 125 pontos-base até o fim de 2026.
No Brasil, a instituição acredita que a trajetória de queda dos juros nos EUA pode abrir espaço para que o Banco Central inicie cortes na Selic no começo de 2025, com a taxa chegando a 11,25% em 2026. Nas últimas duas décadas, períodos de flexibilização monetária local já renderam altas de até 74% ao Ibovespa, com destaque para empresas de construção civil.
Com isso, o desempenho do mercado brasileiro continuará a depender da combinação entre política monetária norte-americana e fundamentos domésticos.