Ibovespa recua 2,10% após decisão do STF sobre sanções estrangeiras; dólar encosta em R$ 5,50

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O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira, 19 de agosto de 2025, em queda de 2,10%, aos 134.432,26 pontos, depois de ter chegado momentaneamente à faixa dos 133 mil. O recuo, equivalente a quase 3 mil pontos, foi puxado principalmente pelas ações de grandes bancos.

No câmbio, o dólar à vista avançou 1,22% e fechou cotado a R$ 5,5009, refletindo a escalada das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos.

Decisão do STF pressiona setor financeiro

Investidores reagiram à decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que determinou que leis e decisões estrangeiras não podem produzir efeitos sobre cidadãos, empresas ou bens localizados no Brasil em relação a atos praticados no país. Na prática, a medida impede que sanções como as impostas pelos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes tenham validade em território nacional.

Um banqueiro ouvido pelo Money Times considerou a decisão equivocada, argumentando que bancos que desejam operar no mercado norte-americano permanecem sujeitos à legislação dos EUA, incluindo a Lei Magnitsky. Já Gabriel Filassi, sócio da AVG Capital, avaliou que o despacho do STF tende a adiar, mas não impedir, o cumprimento integral das exigências internacionais.

Principais movimentos na B3

Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) estiveram entre os papéis mais negociados e contribuíram para o desempenho negativo do índice. Acompanharam o movimento de baixa as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que recuaram mais de 1% seguindo a desvalorização do petróleo no exterior.

A maior perda do dia ficou com Raízen (RAIZ4), que cedeu mais de 10% depois de a Petrobras informar não ter planos de investir na empresa. O Citi rebaixou a recomendação do papel de compra para neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 2,00 para R$ 1,30.

Na ponta oposta, Minerva (BEEF3) liderou os ganhos, apoiada pela valorização do dólar e por expectativas favoráveis para o terceiro trimestre. Segundo relatório do Itaú BBA, os spreads de exportação de carne bovina já avançam 820 pontos-base no período, impulsionados por queda de 4,2% no preço do gado e alta de 3,7% nos preços de exportação.

Imagem: Liliane de Lima via moneytimes.com.br

Entre os 86 ativos da carteira teórica do Ibovespa, apenas cinco fecharam em alta: Minerva, Suzano (SUZB3), Hypera (HYPE3), Marfrig (MRFG3) e Vale (VALE3).

Cenário externo

Em Wall Street, o movimento foi misto enquanto investidores acompanhavam as conversas para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia e aguardavam o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole na sexta-feira (22).

Fechamento dos principais índices norte-americanos:

• Dow Jones: +0,02%, aos 44.922,27 pontos;
• S&P 500: -0,59%, aos 6.411,37 pontos;
• Nasdaq: -1,46%, aos 21.314,95 pontos.

Na Ásia, preocupações com o investimento de US$ 2 bilhões do SoftBank na Intel derrubaram as bolsas: Nikkei caiu 0,38% e Hang Seng recuou 0,21%. Já na Europa, o Stoxx 600 subiu 0,73%, para 558,06 pontos, com os mercados atentos às negociações de paz e ao encontro realizado na véspera entre líderes europeus e o presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca.