São Paulo, 5 de setembro de 2025 – O Ibovespa encerrou esta sexta-feira em novo patamar histórico, ao avançar 1,17% e fechar aos 142.640 pontos. O forte desempenho garantiu saldo positivo de 0,86% na semana e no mês, enquanto o ganho acumulado em 2025 alcançou 18,6%.
O estímulo ao apetite por risco veio do relatório de empregos dos Estados Unidos. O payroll de agosto registrou criação de vagas menor que o previsto, reforçando a expectativa de cortes nos juros norte-americanos. De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, aumentou a probabilidade de o Federal Reserve conduzir as taxas para o intervalo de 3,5% a 3,75% ao ano até o fim de 2025 – cenário que pressupõe três reduções de 0,25 ponto percentual cada.
A perspectiva de política monetária mais branda derrubou os rendimentos dos Treasuries e diminuiu a atratividade da renda fixa nos EUA. Consequentemente, o dólar comercial recuou 0,63%, cotado a R$ 5,41. Na semana e no mês, a divisa caiu 0,17%; no ano, acumula desvalorização de 12,4% frente ao real.
No mercado de juros futuro, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro/27 cedeu de 13,97% para 13,93% ao ano. O vencimento janeiro/29 recuou de 13,29% para 13,19%, enquanto janeiro/36 passou de 13,83% para 13,73%. A queda do dólar, vista como fator de alívio para a inflação, ampliou apostas de que o Banco Central brasileiro possa iniciar o ciclo de cortes da Selic em dezembro, possivelmente com ajuste superior aos 0,25 ponto inicialmente projetados.
O giro financeiro somou R$ 16 bilhões, praticamente em linha com a média diária dos últimos 12 meses (R$ 16,3 bilhões). Entre as 84 ações que compõem o Ibovespa, 72 fecharam em alta. Mesmo a retração de quase 2% dos papéis da Petrobras não impediu a máxima histórica do indicador.
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Setores ligados ao consumo doméstico e ao varejo lideraram os ganhos, beneficiados pela perspectiva de juros menores. Magazine Luiza subiu 7,17%, Ultragaz avançou 6,59% e CVC ganhou 4,23%.
Apesar do otimismo com liquidez global, analistas lembram que a desaceleração econômica dos EUA pressiona preços de commodities, o que pode afetar exportadoras brasileiras. Ainda assim, a expectativa predominante para a próxima semana é de continuidade do fluxo para a renda variável, caso se consolidem as apostas em três cortes de juros pelo Fed até dezembro.
Com recorde renovado e perspectiva de mais cortes nos EUA, o Ibovespa chega ao fim da semana com viés favorável, mas a volatilidade segue elevada diante das incertezas sobre a atividade global.