O Índice de Fundos de Investimento Imobiliário (IFIX) acumulou alta de 10,35% no primeiro semestre, a maior valorização desde 2019, mesmo com a taxa Selic em 15% ao ano, o nível mais elevado em duas décadas. O desempenho, avaliam especialistas, indica a capacidade de resistência dos fundos imobiliários diante de juros altos e incertezas tributárias.
Marcos Baroni, head de Fundos Imobiliários da Suno Research, atribui o resultado ao componente de rendimento dos FIIs, capaz de impulsionar as cotas mesmo quando o Tesouro IPCA+ paga prêmios superiores a 7,5% ao ano. “Estamos em um cenário clássico de estresse: juros elevados e discussões tributárias, mas o IFIX segue em alta, mostrando força e solidez”, afirmou durante o painel “Qual o Futuro dos FIIs”, na Expert XP 2025.
Para Marx Gonçalves, head de fundos listados da XP, a atenção do investidor deve se voltar às taxas futuras. “No fim do ano passado, prefixados estavam a 16%; hoje, giram em torno de 14%. O fechamento da curva impacta diretamente a precificação dos fundos”, disse. Segundo o especialista, quem monta posição de oito a doze meses antes do início do ciclo de cortes da Selic tende a capturar ganhos mais expressivos.
Além do patamar de juros, o segmento acompanha propostas de mudança na tributação. O governo federal estuda cobrar 5% sobre os rendimentos distribuídos por FIIs e Fiagros a pessoas físicas a partir de 2026, tema que segue sem decisão. Em junho, entretanto, o Congresso derrubou o veto que previa a incidência do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) sobre esses fundos, garantindo isenção nessas frentes.
André Bacci, investidor que vive da renda de FIIs, lembra que a Lei nº 8.668 limita a responsabilidade dos cotistas ao valor das cotas subscritas. A Resolução CVM nº 175, em vigor, permite a constituição de fundos com ou sem responsabilidade limitada. Em caso de patrimônio líquido negativo, esclarece ofício da CVM, os cotistas só podem ser chamados a aportar recursos adicionais se as obrigações não estiverem diretamente vinculadas aos imóveis da carteira.
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Apesar dos desafios macroeconômicos e regulatórios, especialistas destacam que a base de investidores segue crescendo e que os FIIs continuam entregando rendimento acima da inflação, fator que sustenta o interesse pelo segmento.
Com informações de InfoMoney