São Paulo – O aumento das importações de baixo valor vindas da China em 2025 barateou mercadorias na tradicional região de compras da rua 25 de Março, na capital paulista, às vésperas do Natal.
Na loja de bijuterias onde trabalha a gerente Elaine da Silva, 44, um bracelete que era vendido por R$ 80 no ano passado agora custa R$ 30. “Mesmo com muita procura, ficou bem mais barato”, diz.
O recuo nos preços reflete o desvio de parte do comércio chinês para o Brasil após as tarifas impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Com o envio às lojas americanas mais caro, fabricantes do gigante asiático têm buscado mercados de grande porte, como o brasileiro.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) mostram que, de janeiro a novembro:
Entre os itens mais procurados na região estão pulseiras douradas tipo bracelete, gargantilhas “choker”, piranhas de cabelo em formato de flor e pingentes que imitam conchas ou estrelas-do-mar. Nos brinquedos, aparecem “arminhas” de água, imitações dos bonecos Labubus da Pop Mart e do Funko Pop, além de livros de colorir parecidos com os Bobbie Goods.
No setor pet, a atendente de caixa Giovana Souza, 18, relata forte saída de roupinhas de Papai Noel para cães, caminhas e mantas. A vendedora Jéssica Lebrão, 33, destaca um macacão infantil com tema do personagem Stitch que “vende o ano inteiro”. Já artigos natalinos de decoração perderam fôlego, segundo a vendedora Viviane Joelma, 52: “Na reta final, o pessoal busca mais comida e roupa”.
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Apesar da oferta mais barata, comerciantes que importam em menor escala reclamam das alíquotas aplicadas desde agosto de 2024. Compras de até US$ 50 passaram a pagar 20% de imposto; entre US$ 50 e US$ 3.000, a taxa é de 60%.
Para Tamyres Gaudino, 34, que vende artigos para casamento e festas, as novas regras reduziram a vantagem de trazer mercadoria do exterior. “Às vezes vale mais comprar aqui do que importar”, afirma.
A consumidora Lilian Costa, 46, diz que o preço continua sendo decisivo. “A gente procura o mais barato; se for da China, leva também”, comenta, citando utensílios domésticos e enfeites como favoritos.