A indústria do Rio Grande do Sul projeta deixar de vender US$ 905,7 milhões aos Estados Unidos em 2026, caso seja mantida a tarifa atualmente cobrada pelo governo Donald Trump. Mesmo com o impacto, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) estima avanço de 0,8% no PIB industrial e criação de 46 mil vagas de trabalho no mesmo ano.
Os números constam no balanço anual da entidade, apresentado nesta terça-feira (9) na sede da Fiergs, em Porto Alegre. Segundo o economista-chefe Giovani Baggio, as exportações do setor poderiam chegar a US$ 2 bilhões em um cenário sem restrições, mas devem ficar em torno de US$ 1,1 bilhão se a taxação permanecer.
Baggio calcula que, em 2025, o PIB industrial gaúcho deve crescer 2,0% em relação a 2024, apesar de prejuízos provocados pelo “tarifaço” e de uma queda estimada de US$ 252 milhões nas vendas externas entre agosto e novembro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Nos quatro primeiros meses de vigência da sobretaxa, os recuos mais fortes ocorreram em:
O presidente da Fiergs, Claudio Bier, afirmou que o desempenho da agropecuária será decisivo para manter o PIB estadual em terreno positivo. “Nos últimos cinco anos nós tivemos quatro secas e uma enchente”, lembrou.
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A entidade projeta que o PIB do Rio Grande do Sul avance 1,6% em 2025, abaixo da estimativa de 2,1% para o país, resultado influenciado por uma retração de 4,7% no setor agropecuário devido à estiagem. Para 2026, espera-se recuperação do campo e alta de 2,9% no PIB estadual.
Baggio citou a consolidação de novos mercados na Ásia e na Argentina, o consumo interno aquecido e investimentos privados em celulose, tecnologia, energia e aeronáutica como elementos que sustentam a previsão de crescimento, mesmo com as tarifas vigentes.
Já Bier destacou a possibilidade de revisão ou flexibilização das taxas no próximo ano. “O que está acontecendo de bom é que os dois presidentes estão conversando”, disse, referindo-se ao recente encontro entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva.