Selic mantida em 15%: analistas veem espaço para ações de varejo e construção civil, mas mantém foco em setores defensivos

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O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano na quarta-feira (30), decisão amplamente antecipada pelo mercado. Com o fim do aperto monetário à vista, gestores e casas de análise começaram a recalibrar recomendações para a renda variável, indicando maior exposição a papéis sensíveis aos juros, sem abrir mão de posições defensivas.

Renda variável torna-se “inevitável”

Para Raphael Figueredo, estrategista da XP, a pausa na alta da Selic questiona a forte alocação em renda fixa. Segundo ele, a combinação de cortes futuros nos juros e possível avanço de reformas estruturantes cria um “valor significativo” a ser capturado em ações.

Projeções para o Ibovespa

A XP projeta o Ibovespa em 150 mil pontos até o fim de 2025, sustentada pelo nível atual de preços e pela gradual melhora dos balanços corporativos. A WMS Capital trabalha com 142 mil pontos no mesmo horizonte, potencial de cerca de 7% sobre o fechamento de terça-feira.

Motivos de otimismo e pontos de alerta

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, cita a desaceleração dos núcleos de inflação e a expectativa de cortes na Selic como gatilhos positivos para a Bolsa, sobretudo para empresas ligadas ao mercado interno. Em contrapartida, Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, destaca a fragilidade fiscal após a redução do contingenciamento orçamentário de R$ 31,3 bilhões para R$ 10,7 bilhões.

No front externo, as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros dificultam a atração de capital estrangeiro, avalia Felipe SantAnna, da Axia Investing.

Carteira defensiva segue como base

Lima vê oportunidades em saneamento, apontando Sabesp (SBSP3) e Sanepar (SAPR4), negociadas abaixo do valor patrimonial e beneficiadas por reajustes tarifários e eventual privatização. No setor elétrico, Isa Energia (TRPL4) e Taesa (TAEE11) são lembradas pela previsibilidade de caixa e dividendos elevados.

Entre as blue chips, Petrobras (PETR3) continua na lista de SantAnna, enquanto bancos como Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) permanecem bem avaliados por sua rentabilidade, segundo Otávio Araújo, da Zero Markets Brasil.

Maior espaço para setores cíclicos

Com a perspectiva de juros menores, analistas recomendam inclusão gradual de ações de consumo e construção. A favorita é MRV (MRVE3), beneficiária do programa Minha Casa Minha Vida e do recuo da inflação. Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, acrescenta Localiza (RENT3), cuja demanda tende a crescer com a redução do custo de financiamento.

No varejo, Lima destaca Lojas Renner (LREN3) pela execução consistente e margens resilientes, capaz de capturar eventual retomada do consumo em 2026.

Seleção ainda exige cautela

Apesar da visão mais construtiva para ações cíclicas, Lima recomenda manter parte relevante da carteira em setores defensivos. SantAnna permanece longe de varejo, aviação, exportadoras e small caps, afirmando que o início de cortes na Selic “não parece” prioridade do Copom. Moreira, por sua vez, lembra que o custo de capital segue elevado e que a queda dos juros deve ocorrer de forma gradual, exigindo diversificação parcimoniosa.

Assim, especialistas sugerem um portfólio híbrido: base defensiva em utilities, energia e bancos, combinada a posições seletivas em varejo e construção civil, aproveitando possíveis reduções na Selic sem desconsiderar riscos fiscais e externos.

Com informações de InfoMoney

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