27 de outubro de 2025 – Um relatório do Itaú BBA indica que o setor elétrico brasileiro deve apresentar resultados contrastantes no terceiro trimestre de 2025, com destaque para a Eneva.
O banco estima lucro líquido de R$ 616 milhões para a Eneva (ENEV3), incremento de 499% frente aos R$ 103 milhões obtidos no mesmo período de 2024. O salto é atribuído ao aumento do despacho térmico, que atingiu média de 33% no trimestre, ante 14% no segundo trimestre, com o Complexo Parnaíba operando a 74% da capacidade.
O Itaú BBA também prevê expansão anual de aproximadamente 60% no Ebitda, impulsionada pela incorporação das usinas térmicas adquiridas do BTG e pela intensidade do despacho. O desempenho poderia ser ainda superior não fosse a menor geração da usina Futura, afetada por cortes que corresponderam a 31% da produção total.
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que o Sistema Interligado Nacional (SIN) registrou carga média de cerca de 75 GW no trimestre, retração anual e sequencial de aproximadamente 2%. O recuo é explicado por:
Com menor uso de aparelhos de refrigeração, o consumo residencial e comercial enfraqueceu, pressionando as distribuidoras com forte presença nas regiões mais afetadas, como Energisa (ENGI11), Equatorial (EQTL3) e CPFL Energia (CPFE3).
Apesar do cenário adverso, o Itaú BBA espera que a Equatorial apresente crescimento de cerca de 3% nos volumes faturados (ex-DEG) em relação ao ano anterior, sustentado pelo bom desempenho das concessões do Piauí e, em menor grau, do Maranhão.
No segmento de geração, o banco aponta a Echoenergia como um dos pontos positivos, embora a empresa também tenha sofrido cortes superiores a 30% da geração no período. Já a venda integral da área de transmissão ainda não deve impactar o balanço; a conclusão da operação está prevista para o quarto trimestre.
Imagem: Renan Dantas via moneytimes.com.br
De forma consolidada, o Ebitda recorrente da Equatorial, excluindo a equivalência patrimonial da Sabesp, deve avançar aproximadamente 6% sobre o resultado de um terceiro trimestre historicamente forte em 2024.
Para a Cemig (CMIG4), o Itaú BBA projeta um trimestre mais fraco. Os volumes faturados tendem a recuar 1,5%, reflexo da perda de dois grandes clientes, e pode haver aumento nas provisões. Em contrapartida, as perdas de energia devem permanecer levemente abaixo do limite regulatório.
No negócio de geração, transmissão e comercialização (G&T), o banco vê pressão no custo de energia comprada em razão do impacto do GSF. O Ebitda estimado é de R$ 1,5 bilhão, queda de 4,7% na comparação anual, enquanto o lucro líquido pode encolher 75%, influenciado por maiores despesas financeiras líquidas e menor contribuição de Belo Monte via equivalência patrimonial.
Analistas consultados pelo Itaú BBA acreditam que os efeitos climáticos sobre a demanda sejam pontuais, com recuperação gradual esperada para o quarto trimestre, acompanhando a normalização das temperaturas e a retomada da atividade industrial.