Jornais internacionais relatam boicote da direita às Havaianas e citam “delírio paranoico”

O boicote organizado por políticos de direita e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro contra produtos da Havaianas repercutiu em veículos de imprensa dos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e França.

The New York Times, The Guardian, El País e Le Monde publicaram reportagens que descrevem as sandálias como símbolo nacional e detalham a reação ao comercial estrelado pela atriz Fernanda Torres. No vídeo, lançado no início do verão do hemisfério sul e pouco antes do Natal, a artista diz que o público não deve começar o ano novo “com o pé direito”, mas “com os dois pés”. A frase foi interpretada por bolsonaristas como estímulo para que eleitores deixem de votar na direita em 2026.

Repercussão política

Os jornais citaram o vídeo em que o ex-deputado Eduardo Bolsonaro defende o boicote e apontaram que a campanha se espalhou rapidamente entre apoiadores do ex-presidente. Segundo o El País, “o delírio paranoico não se limitou a um punhado de extremistas”. O New York Times avaliou que o episódio “inflamou divisões políticas latentes no Brasil” e lembrou que Fernanda Torres é vista como “ícone progressista”.

“Novo inimigo” da extrema direita

Para o britânico The Guardian, “sem liderança desde que seu principal representante foi preso por tentativa de golpe, a extrema direita brasileira encontrou um novo inimigo: a marca de chinelos Havaianas”. Já o francês Le Monde explicou aos leitores que a expressão “começar o ano com o pé direito” é um costume associado a desejos de boa sorte.

Efeito no mercado

As matérias também relataram a oscilação das ações da Alpargatas, dona da Havaianas: queda de 2,4% na segunda-feira (22) e alta de 4,46% na terça-feira (23), recuperando as perdas do dia anterior.

Imagem: redir.folha.com.br

Reações nas redes

Os veículos estrangeiros mencionaram ainda as respostas de internautas de esquerda, que sugeriram doações de chinelos e brincaram com trocas por tornozeleiras eletrônicas nas cores da bandeira brasileira, em referência ao equipamento danificado por Jair Bolsonaro.

Mesmo com a convocação ao boicote, lojas da marca em São Paulo registraram grande movimento durante o período de compras de fim de ano.