Os fundos de crédito privado podem representar a próxima grande bolha da economia mundial. O alerta foi feito por Marina Valentini, estrategista de mercados da JP Morgan Asset, durante painel da Expert XP, realizado na sexta-feira (25).
Segundo a economista, há uma percepção crescente de risco no cenário global e, atualmente, “quem está assumindo os maiores são os fundos de crédito privado, muitos com seleção de ativos e gestores não tão cuidadosos”. Para Valentini, a combinação de juros de longo prazo elevados nas principais economias e a expectativa de que essas taxas permaneçam altas reúne condições para uma crise capaz de contaminar diversos segmentos de mercado.
O debate contou ainda com Gabriel Hartung (SPX Capital), Daniel Popovich (Franklin Templeton) e Alberto Bernal (XP Investimentos). Os participantes concordaram que os juros de longo prazo nos Estados Unidos tendem a seguir em patamar elevado.
Para eles, a partir do próximo ano, um dirigente mais alinhado ao ex-presidente Donald Trump deve assumir o comando do Federal Reserve. A expectativa é de uma política monetária mais expansionista, com meta de inflação acima dos atuais 2% — possivelmente em torno de 2,5% — e cortes na taxa básica de curto prazo. Entretanto, as autoridades monetárias controlam apenas os juros de curto prazo; as taxas longas são definidas pelo mercado, que, diante de maior risco percebido, tende a exigir prêmios maiores.
Popovich observou que o mercado está mais punitivo em relação à falta de disciplina fiscal — um fenômeno que atinge economias desenvolvidas e emergentes. Ele citou o Japão, que opera com máximas históricas nos rendimentos de longo prazo, além de Reino Unido e União Europeia, onde a desconfiança também cresce.
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Nesse ambiente, fundos de crédito privado ficam expostos a inadimplência mais alta, pois trabalham com prêmios elevados em operações com garantias menores. Com gestões por vezes menos rigorosas, há dúvidas sobre a capacidade desses veículos de absorver o impacto de calotes generalizados caso os juros continuem subindo.
Com informações de Valor Investe