A Kinea Investimentos apresentou nesta segunda-feira (1º) a estratégia que pretende sustentar até 2026, reforçando posições compradas em real, ações brasileiras, cortes de juros e inflação implícita. Segundo a carta aos investidores, o comportamento dos ativos no próximo ano estará condicionado sobretudo às decisões fiscais e ao resultado das eleições no Brasil e nos Estados Unidos.
A principal alocação segue no mercado cambial, com aposta comprada no real via carry trade. A gestora avalia que o diferencial de juros continuará relevante no início de 2026 e que a volatilidade deve permanecer contida, mesmo durante a disputa presidencial brasileira.
Na renda variável local, a Kinea mantém posição comprada. Para a casa, eventuais sinais de responsabilidade fiscal ao longo do processo eleitoral podem aliviar a ponta longa da curva de juros, permitindo reprecificação dos ativos. A combinação de inflação mais baixa e expectativa de afrouxamento monetário reforça a tese de valorização da bolsa.
No mercado de juros, a gestora projeta cortes mais profundos do que os atualmente precificados. A avaliação é que o Banco Central deve iniciar a redução do aperto monetário no primeiro trimestre de 2026, apoiado pela desaceleração da atividade econômica e pela trajetória benigna dos núcleos de inflação. Como proteção, a carteira segue comprada em inflação implícita.
A Kinea considera que a disputa entre continuidade e mudança no país será determinante para o prêmio de risco. A gestora entende que o governo tem pouca margem para políticas expansionistas e que a postura fiscal dos candidatos será decisiva para o comportamento da curva de juros.
Imagem: REUTERS via infomoney.com.br
Fora do Brasil, a seleção de ativos é mais restrita. A Kinea mantém exposição a empresas de tecnologia capazes de transformar investimentos em inteligência artificial em receita, sustentando que “a batalha do CAPEX chegou ao fim; agora começa a batalha da receita”. Ouro permanece na carteira como proteção em ambiente de déficits elevados, enquanto o gás natural é monitorado como ativo ligado à demanda energética da IA.
A gestora prevê que os Estados Unidos entrarão em 2026 sob pressão fiscal. Um eventual governo Trump, segundo a carta, estuda devolver parte das receitas extras de tarifas à população, medida que equivaleria a cerca de 0,5% do PIB em estímulo adicional. A Kinea acredita que a combinação de inflação de serviços ainda acima da meta e mercado de trabalho mais fraco tende a manter as taxas da ponta longa pressionadas.