Grandes empresas do setor de energia solar afirmam que o governo Donald Trump interrompeu a concessão de licenças para projetos instalados em terras federais, o que pode provocar atrasos significativos e aumento de custos.
A queixa foi feita por executivos da EDF Renewables North America e da Arevon, que responsabilizam o Departamento do Interior pela suspensão das autorizações necessárias a usinas de grande porte. Segundo eles, essas instalações são essenciais para suprir a crescente demanda da rede elétrica norte-americana.
O impasse ocorre após uma ordem administrativa que determina que o secretário do Interior, Doug Burgum, assine pessoalmente todas as aprovações relativas a projetos solares e eólicos.
“Veremos atrasos em todo o setor”, afirmou o presidente-executivo da Arevon, Kevin Smith, na terça-feira (data local), durante o painel de abertura da conferência de energia limpa RE+, em Las Vegas.
Ryan Affair, vice-presidente executivo da EDF, declarou que a companhia “não recebe qualquer retorno do governo”, lembrando que grande parte dos projetos da empresa no sudoeste dos EUA depende de áreas federais. Mesmo assim, disse manter otimismo de que os empreendimentos “voltarão a avançar” quando a necessidade de energia ficar evidente.
Desde o início do mandato, o governo Trump adotou uma postura considerada inédita contra fontes renováveis, bloqueando licenças, revogando aprovações já emitidas e apoiando medidas para encerrar créditos fiscais destinados a investimentos em energia solar e eólica.
Imagem: redir.folha.com.br
Até o momento, a Casa Branca e o Departamento do Interior não responderam aos pedidos de posicionamento sobre as críticas do setor.
Dados do Clean Economy Tracker, da Atlas Public Policy, mostram que projetos de energia limpa no valor de US$ 18,6 bilhões foram cancelados em 2025, ante US$ 827 milhões em 2024. Os anúncios de novos investimentos recuaram quase 20%, para US$ 15,8 bilhões, no mesmo comparativo anual.
Analistas alertam que, com a demanda impulsionada pelo crescimento da inteligência artificial, o país corre o risco de comprometer permanentemente um setor considerado uma das formas mais rápidas e baratas de ampliar a oferta de eletricidade.