O investidor Luiz Barsi Filho, 86, classificou as operações de day trade como prática de quem “odeia dinheiro” e reiterou que a construção de patrimônio na Bolsa passa pela compra de ações de empresas que pagam dividendos de forma consistente. A declaração foi feita nesta semana, em São Paulo, durante um encontro promovido pela plataforma AGF (Ações que Garantem o Futuro), criada por sua filha, Louise Barsi.
Considerado o maior investidor pessoa física do país, Barsi afirmou que vê apenas dois perfis de aplicadores: “os que amam o dinheiro”, que investem com foco na geração de riqueza, e “os que odeiam o dinheiro”, que especulam e se alavancam em operações de curto prazo.
O day trade consiste em comprar e vender — ou vender e recomprar — um mesmo ativo no mesmo pregão para lucrar com oscilações de preço. Para o bilionário, esse modelo eleva o risco de perdas, sobretudo quando há alavancagem, isto é, o uso de recursos emprestados para ampliar o volume negociado.
Barsi defendeu o investimento em ações a médio e longo prazo, priorizando companhias que pagam dividendos frequentes. Ele citou o Banrisul como exemplo de empresa que remunera acionistas a cada trimestre, destacando que o Banco do Brasil, maior instituição pública do setor, não adota a mesma periodicidade. Segundo o investidor, o Santander também distribui proventos trimestrais por ter o compromisso de repatriar recursos para a Espanha.
Questionado sobre a possibilidade de impostos sobre dividendos, atualmente isentos, Barsi disse não ver motivo para preocupação. “Isso se discute há anos e até agora nada. Se for aprovado, as companhias podem optar pela recompra de ações para remunerar o acionista”, declarou.
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Durante o encontro, o bilionário comentou seu modo de vida sem ostentação. “A primeira coisa que sempre fiz foi exorcizar o patrimônio e contemplar o caixa. Quanto menor o intervalo de ingressos, melhor para aproveitar oportunidades futuras. A ação é um ativo que não desperta cobiça, diferente de um carro”, afirmou.
Na plateia, fãs do investidor compravam aulas, chaveiros e camisetas estampadas com seu rosto. Barsi aconselhou o público a conhecer de perto as empresas antes de adquirir ações, inclusive visitando unidades de produção.