Lula telefona para Trump e cobra rapidez na retirada de tarifas restantes sobre produtos brasileiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligou nesta terça-feira (data não especificada) para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendeu avanço acelerado nas negociações que visam eliminar as tarifas ainda aplicadas a exportações brasileiras.

De acordo com nota divulgada pelo governo brasileiro, Lula destacou que “há outros produtos tarifados que precisam ser discutidos entre os dois países” e manifestou desejo de concluir o processo “o mais rápido possível”.

Tarifas já suspensas

Trump já revogou a sobretaxa adicional de 40% que incidia sobre itens agrícolas — entre eles carne e café — e, em 14 de novembro, derrubou a tarifa global de 10% sobre esses mesmos produtos. Apesar disso, parte significativa das exportações brasileiras segue sujeita a taxação extra.

Panorama das exportações

Levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) aponta que:

• 22% das exportações brasileiras (US$ 8,9 bilhões) continuam enfrentando sobretaxa mínima de 40% — em alguns casos, 50% por acumularem a tarifa global de 10%;
• 15% (US$ 6,2 bilhões) seguem sob a tarifa de 10% aplicada a todos os parceiros comerciais dos EUA;
• 27% (US$ 10,9 bilhões) permanecem enquadradas na Seção 232, que permite tarifas justificadas por “segurança nacional”, atingindo principalmente aço e autopeças.

Histórico das medidas americanas

No fim de julho, Washington impôs a sobretaxa de 40% sobre importações brasileiras, soma às chamadas “tarifas recíprocas” de 10%. O decreto incluiu cerca de 700 exceções — entre elas suco de laranja e produtos de aviação — que isentaram 43% do valor exportado pelo Brasil.

Imagem: redir.folha.com.br

Em outubro, Lula já havia pedido a Trump o fim do “tarifaço” e o recuo de sanções contra autoridades brasileiras, caso do ministro do STF Alexandre de Moraes, além da restituição de vistos cassados de auxiliares do presidente.

Contato direto

Lula e Trump se encontraram pessoalmente durante a Assembleia Geral da ONU, quando o americano afirmou ter tido “boa química” com o brasileiro. Foi o primeiro diálogo face a face desde o anúncio das tarifas e de outras medidas restritivas dos Estados Unidos.

Cooperação contra o crime

Na conversa desta terça, os dois presidentes também discutiram iniciativas conjuntas de combate ao crime organizado e concordaram em ampliar a cooperação nessa área.