Bruxelas – O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (18) que Paris continuará impedindo a conclusão do tratado comercial entre a União Europeia e o Mercosul enquanto não houver garantias adicionais para os produtores rurais franceses.
Dirigindo-se à imprensa antes da cúpula do Conselho Europeu, na capital belga, Macron declarou que “os números não fecham” e que, nessas condições, o documento “não pode ser assinado”.
Na véspera, o chefe de Estado já havia sinalizado que se oporia a qualquer tentativa de acelerar o pacto, mesmo após as emendas aprovadas pelo Parlamento Europeu na terça-feira (16) que introduziram cláusulas de salvaguarda para o setor agrícola francês. Itália, Polônia e Hungria aderiram à posição francesa, formando a chamada minoria de bloqueio – requisito que exige pelo menos quatro dos 27 países-membros representando 35% da população do bloco para travar o avanço do processo.
A resistência pode adiar a assinatura prevista desde 1999, quando começaram as negociações entre os dois blocos. A divisão interna da UE, somada à proximidade da presidência paraguaia no Mercosul, é vista como obstáculo adicional para retomar o tema a curto prazo.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quarta-feira (17) que, se o acordo não for fechado até o sábado (20) – data inicialmente cogitada –, o governo brasileiro deixará de negociar o texto até o término de seu mandato, em 31 de dezembro de 2026. Lula atribuiu a resistência de França e Itália a questões políticas internas e lembrou que as tratativas já se arrastam há 26 anos.
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No início da semana, o presidente da comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, Bernd Lange, alertou que a paciência dos países do Mercosul está chegando ao fim e que, caso a assinatura volte a ser adiada, o bloco sul-americano poderá buscar parceiros “que não agradam” à União Europeia.
O acordo prevê a eliminação ou redução de tarifas para bens industriais e agrícolas, além de compromissos ambientais e de compras governamentais. A oposição francesa concentra-se no temor de concorrência para a agropecuária local e em preocupações sobre cumprimento de normas ambientais.