São Paulo – A necessidade de realizar atividades paralelas para completar o orçamento atinge 56% da população adulta em dez capitais brasileiras, segundo a pesquisa Viver nas Cidades: Desigualdades, divulgada nesta quinta-feira (28).
Entre os que buscaram renda adicional nos últimos 12 meses, os serviços gerais lideram (17%), englobando faxina, manutenção, reformas, jardinagem e o chamado “marido de aluguel”. Em seguida aparecem:
• venda de roupas e outros itens usados (12%);
• produção de alimentos em casa para venda (9%);
• revenda de cosméticos e produtos de beleza (8%);
• atividade como motorista ou entregador por aplicativo (7%).
A prática de bicos é mais frequente entre famílias com renda de até dois salários mínimos (68%), pessoas que têm ou convivem com pessoas com deficiência (68%) e integrantes das classes D e E (65%). O índice também se destaca entre pretos e pardos (63%), evangélicos e protestantes (63%) e entrevistados com ensino médio completo (62%).
Belém (70%), Manaus (69%) e Fortaleza (65%) registram as maiores proporções de moradores que recorreram a atividades extras. Porto Alegre aparece no extremo oposto, com 47%, única capital abaixo de 50%. Em São Paulo, o percentual alcança 53%.
Quatro em cada dez entrevistados (40%) disseram que a renda pessoal permaneceu estável no último ano, enquanto 17% relataram aumento. No total, 57% afirmaram ter mantido ou ampliado ganhos; 34% perceberam queda.
Para enfrentar o orçamento apertado, 41% reduziram o consumo de carnes nos 12 meses anteriores à pesquisa e 29% aumentaram a compra de ovos.
Imagem: redir.folha.com.br
Dois terços (66%) avaliam que a pobreza e a fome cresceram muito (39%) ou pouco (27%) em suas cidades no período analisado.
O estudo investigou ainda mobilidade social entre 2 e 27 de dezembro de 2024. Nesse recorte, 72% alcançaram nível de escolaridade superior ao dos pais; 47% vivem em moradias melhores que as da geração anterior; e 45% têm renda superior à dos pais na mesma idade.
A pesquisa foi realizada on-line entre 1º e 20 de julho de 2025 com pessoas de 16 anos ou mais que moram há pelo menos dois anos em Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador ou São Paulo. A margem de erro é de dois pontos percentuais para o total da amostra e varia de 4 a 6 pontos nas análises por capital.
O levantamento é uma iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com Ipsos-Ipec e Fundação Volkswagen.