Máquina alemã que detecta sexo de pintinhos ainda no ovo começa a operar no Brasil

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A Raiar Orgânicos instalou em sua unidade de São José do Rio Preto (SP) o primeiro equipamento do hemisfério Sul capaz de identificar o sexo de pintinhos dentro do ovo, no 13º dia de incubação. A máquina, batizada de Chevvy, entrou em operação em julho, após ter chegado da Alemanha em março, e faz parte da estratégia da empresa para eliminar o descarte convencional de aves machos após a eclosão.

O sistema — que combina iluminação potente e escaneamento óptico — detecta em cinco segundos se o embrião é macho ou fêmea sem tocar na casca, reduzindo riscos de rachaduras e perdas por apodrecimento. Segundo a Raiar, a margem de erro é de 3%. Os ovos identificados como machos são encaminhados imediatamente para produção de ração proteica, enquanto os correspondentes às fêmeas retornam às chocadeiras.

Com capacidade para processar 6 mil ovos por hora em modo semiautomático, o equipamento pode chegar a 25 mil unidades/hora quando totalmente automatizado. No mundo, estima-se que 7 bilhões de pintinhos sejam descartados anualmente, dos quais 140 milhões no Brasil. Alemanha e França já exigem por lei a sexagem embrionária; nos demais países, inclusive o Brasil, não há regulamentação específica.

Impacto na produção

A empresa prevê que, a partir de dezembro, toda sua produção virá de fêmeas separadas por essa tecnologia. A Raiar faturou cerca de R$ 40 milhões em 2024 e projeta R$ 100 milhões para este ano. O plantel, que era de 20 mil aves em 2020, alcançou 400 mil em 2025 e tem meta de 2 milhões nos próximos anos.

A produção mensal de ovos deve subir de 3 milhões (janeiro) para 6 milhões (dezembro), patamar que a companhia pretende manter como média em 2026. Apesar dos custos adicionais da sexagem — na Europa variam de € 1,5 a € 2 por fêmea, o equivalente a R$ 9,70 a R$ 13 — a Raiar afirma que não repassará o valor ao consumidor.

Imagem: redir.folha.com.br

Técnica e limitações

A Chevvy determina o sexo pela coloração da penugem embrionária: tonalidade marrom indica fêmea; branca, macho. O método ainda não identifica aves totalmente brancas. De acordo com Marcus Menoita, CEO e cofundador da Raiar, a adoção da sexagem embrionária deve redefinir a avicultura de postura no país, ao evitar práticas consideradas cruéis.

Além da nova tecnologia, a empresa mantém iniciativas como marcação da data de validade diretamente na casca, “playgrounds” para estimular o comportamento natural das galinhas e estrutura com valas para remover dejetos e reduzir a concentração de amônia nos galpões.

Com informações de Folha de S.Paulo