São Paulo – A sigla “TACO”, que significa “Trump Always Chickens Out” (“Trump sempre recua”, em tradução livre), tornou-se um dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter) no Brasil durante a última semana. O termo ganhou força depois que o governo norte-americano impôs sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e confirmou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.
“TACO” foi criado em maio de 2025 por Robert Armstrong, colunista do Financial Times. Ele observou que, diante de reações negativas do mercado, Donald Trump costumava anunciar medidas duras e, em seguida, voltar atrás. A expressão logo se espalhou por Wall Street e virou piada entre investidores, que passaram a adotar a chamada “TACO trade”: comprar ações em queda acreditando que o governo recuaria.
Antes da sigla se popularizar, esse comportamento era descrito como “flip-flop” ou “Trump put”, referência à estratégia financeira que limita perdas.
O uso do meme voltou a crescer entre brasileiros após Washington enquadrar Moraes na Lei Magnitsky, uma das mais duras para punir autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos ou corrupção. Quem entra na lista sofre bloqueio de bens nos EUA, veto a transações com cidadãos ou empresas americanas e proibição de entrada no país.
O ministro já estava impedido de viajar aos Estados Unidos desde 18 de julho, quando o secretário de Estado, Marco Rubio, revogou seu visto e de familiares. Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a medida como “interferência externa inaceitável”. O STF também saiu em defesa de Moraes, lembrando que suas decisões foram chanceladas pelos demais integrantes da Corte.
Na quarta-feira (30.jul), Trump assinou ordem executiva que estabelece alíquota de 50% sobre mercadorias brasileiras. A lista oficial, porém, isenta cerca de 700 itens, entre eles suco de laranja, aeronaves e petróleo. A cobrança passa a valer em 6 de agosto—antes, a entrada em vigor estava prevista para 1º de agosto.
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Segundo a Casa Branca, as tarifas respondem à suposta perseguição do governo brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e à pressão sobre plataformas digitais americanas. Ao todo, o atual governo dos EUA já anunciou tarifas contra praticamente todos os principais parceiros comerciais, estipulando piso de 10%, com percentuais maiores para alguns países.
Diante do histórico de recuos de Trump em medidas semelhantes contra China e União Europeia, usuários brasileiros resgataram o termo “TACO” para ironizar a possibilidade de o presidente voltar atrás mais uma vez.
Com informações de Folha de S.Paulo