São Paulo, 14 de novembro de 2025 – O Mercado Bitcoin (MB) prepara novas frentes de atuação em sua divisão de investment banking. De acordo com André Gouvinhas, vice-presidente de Investment & Banking da empresa, o próximo passo é distribuir tokens lastreados em participações de companhias privadas globais, como OpenAI e SpaceX, além de exportar ofertas brasileiras de renda fixa tokenizada.
Dois anos após lançar a primeira rodada tokenizada da Asaas, o MB reprecificou o ativo com valorização de 183%. O novo valor tomou como referência a captação liderada pela Vivo Ventures, que investiu R$ 35 milhões na fintech de gestão financeira. O preço equivale a 2,82 vezes o pago pelos 53 clientes que entraram na tese em 2023.
Sem rodada secundária, esses investidores ainda não puderam vender suas cotas, mas contam com suporte da plataforma para negociações privadas.
Desde a estreia com a Asaas, o MB já estruturou três outras distribuições de participações tokenizadas: Gringo, Demand e uma pré-IPO da OranjeBTC, listada recentemente na B3. Ao todo, foram emitidos R$ 180 milhões em tokens de startups. “Só colocamos empresas validadas por investidores institucionais, com tese e preço chancelados por profissionais”, afirma Gouvinhas.
Para ampliar o portfólio, o executivo busca parcerias com plataformas estrangeiras a fim de liberar para clientes brasileiros tokens de empresas privadas internacionais, especialmente de tecnologia e inteligência artificial que ainda não abriram capital. “Queremos capturar oportunidades em negócios como OpenAI e SpaceX antes do IPO e distribuí-las localmente”, explica.
Embora as participações em startups chamem atenção pelo potencial de multiplicação, o grosso do volume continua na renda fixa digital. Só em 2025, o MB distribuiu R$ 1,3 bilhão em títulos tokenizados, elevando o total histórico a mais de R$ 2,1 bilhões em pouco mais de 400 operações. A base soma 40 mil clientes com algum ativo de renda fixa na plataforma.
Imagem: neofeed.com.br
A estrutura elimina intermediários tradicionais, reduz custos de emissão e liquida todas as etapas em blockchain e em reais. “Chegamos ao primeiro bilhão em cinco anos; neste ano, já movimentamos R$ 1,2 bilhão em 11 meses, cerca de R$ 150 milhões por mês”, detalha Gouvinhas.
Segundo dados da RWA.xyz, o volume global de crédito tokenizado subiu 94% desde janeiro, alcançando US$ 18,74 bilhões. Nesse ranking, o MB ocupa a sétima posição mundial; a líder é a norte-americana Figure, com cerca de 70% do mercado.
No Brasil, as ofertas seguem a Resolução CVM 88 / 2022, que regula captações por plataformas digitais. Entre os papéis disponíveis há dívidas corporativas de empresas como Ripio, Chilli Beans e Multiplique, além de tokens lastreados em recebíveis de cartão, precatórios e direitos judiciais.
O próximo movimento é levar esses ativos para investidores de outros países. O MB já oferece parte da carteira em Portugal e pretende intensificar a presença internacional para “exportar os juros brasileiros” e, simultaneamente, baratear o custo de captação das companhias locais.