São Paulo – Operar na Bolsa brasileira nos anos 1980 exigia velocidade e contato direto entre os participantes, segundo recorda Sergio Cordoni, sócio da V8 Capital e com 39 anos de experiência no mercado.
Em entrevista ao podcast Stock Pickers, o gestor descreveu o pregão da época como um verdadeiro jogo de “rouba monte”: “Conhecer os players e agir rápido na busca por informações era fundamental para sair na frente”, afirmou.
O acesso à renda variável era limitado a poucas famílias e instituições com capital expressivo. A estrutura envolvia pilhas de papéis, balanços recortados e pastas organizadas em ordem alfabética. Links de cotações online só começaram a aparecer no início dos anos 1990, conectando-se a planilhas eletrônicas.
Antes do Plano Real, a hiperinflação impunha decisões focadas em prazos muito curtos. “Não se falava em taxa anual, era taxa mês”, relembrou Cordoni. Em alguns momentos, uma taxa diária superava o rendimento que hoje se obteria em um mês.
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Na renda fixa, o Certificado de Depósito Bancário (CDB) dominava praticamente sozinho a oferta de produtos. A Bolsa operava com liquidez baixa e pouca previsibilidade, levando investidores a buscarem alternativas como operações com opções e financiamentos de empresas.
Para Cordoni, a principal diferença entre aquele cenário e o atual se resume a transparência e acessibilidade: “Era um mercado analógico, fechado e concentrado. Hoje é muito mais transparente e acessível”, concluiu.