Washington, — A forma como o Bureau of Labor Statistics (BLS) coleta informações para o relatório de emprego voltou a ser questionada após a divulgação de números decepcionantes referentes a julho. Em entrevista à FOX Business, a ex-comissária da agência Erica Groshen afirmou que a adoção de bancos de dados digitais e ferramentas de inteligência artificial (IA) pode aumentar a precisão das estatísticas, desde que haja recursos financeiros e tempo para pesquisa.
Na sexta-feira, o presidente Donald Trump demitiu a atual comissária do BLS, Erika McEntarfer, um dia depois de o relatório mostrar criação de apenas 73.000 vagas em julho — bem abaixo da projeção de 110.000 obtida por economistas consultados pela LSEG. O documento ainda revisou para baixo os números de maio e junho em 258.000 postos de trabalho. Em publicação nas redes sociais, Trump acusou o relatório de ter sido “manipulado” politicamente.
Groshen, que comandou o BLS entre 2013 e 2017 e hoje co-preside a organização Friends of BLS, defendeu que os órgãos estatísticos passem a “aproveitar a quantidade de informações digitalizadas disponíveis”. Segundo ela, porém, esses registros eletrônicos são “extensos, mas imperfeitos”, pois não cobrem toda a economia e nem sempre contêm exatamente as perguntas necessárias.
Para superar essa limitação, a economista considera indispensável um período de pesquisa que desenvolva metodologias confiáveis. “Isso exige investimento”, reforçou.
Groshen mencionou o uso de modelos de linguagem para transformar dados textuais em formatos analisáveis, reduzindo custos de codificação que hoje dependem de equipes humanas. Essas inovações, afirmou, podem facilitar a classificação de setores, ocupações e atividades relatadas por empresas e trabalhadores.
Imagem: Eric Revell FOXBusiness via foxbusiness.com
A ex-comissária ressaltou que qualquer avanço tecnológico deve preservar a transparência dos processos: “Para que os dados sejam confiáveis, é preciso explicar como são elaborados e quais são suas limitações”. Ela lembrou que o BLS revisa rotineiramente os resultados de cada mês nos dois meses seguintes, prática que, até agora, não apresentou evidências de viés político.
Groshen concluiu que a modernização dos métodos de coleta depende do equilíbrio entre inovação, clareza na divulgação e financiamento adequado.