Nvidia e AMD aceitarão repassar 15% da receita de chips vendidos na China ao governo dos EUA

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Washington / San Francisco – A Nvidia e a AMD firmaram um acordo incomum com o governo dos Estados Unidos pelo qual repassarão 15% da receita obtida com a venda de determinados chips na China ao Tesouro norte-americano. A medida foi estabelecida como condição para que ambas recebessem licenças de exportação de semicondutores, segundo pessoas a par das negociações, incluindo um funcionário do governo.

De acordo com essa fonte, a Nvidia entregará ao governo 15% das vendas do chip H20 no mercado chinês, enquanto a AMD cederá o mesmo percentual sobre a receita gerada pelo chip MI308. O destino final dos recursos ainda não foi definido pela administração Trump.

Licenças liberadas após encontro com Trump

O Departamento de Comércio começou a liberar as autorizações para o H20 na sexta-feira (8), dois dias depois de o diretor-executivo da Nvidia, Jensen Huang, reunir-se com o presidente Donald Trump. Na mesma data também foram emitidas licenças para o chip da AMD, informaram as fontes.

Especialistas em controle de exportações afirmam que nunca uma empresa norte-americana havia concordado em ceder parte de sua receita em troca de licenças desse tipo. O modelo, porém, segue a estratégia do governo Trump de pressionar companhias a tomar medidas que reforcem a arrecadação e o emprego doméstico.

Empresas e estimativas de mercado

A AMD não comentou o assunto. A Nvidia confirmou que cumpre “as regras estabelecidas pelo governo dos EUA para atuar em mercados globais”, sem negar o acordo.

Projeções da Bernstein indicam que a Nvidia deve comercializar cerca de 1,5 milhão de unidades do H20 à China em 2025, faturando aproximadamente US$ 23 bilhões. Assim, a parcela a ser enviada ao governo americano pode chegar a US$ 3,45 bilhões.

Antecedentes do H20

O H20 foi concebido especificamente para a China depois que o então presidente Joe Biden impôs rígidos controles de exportação sobre chips avançados usados em inteligência artificial (IA). Em abril, a administração Trump anunciou que vetaria a venda do componente, mas voltou atrás em junho, após encontro entre Huang e Trump. Mesmo assim, as licenças só começaram a ser concedidas na última semana.

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Imagem: redir.folha.com.br

Críticas de especialistas em segurança

O acordo provocou reações em Washington. Analistas temem que o H20 fortaleça as Forças Armadas chinesas e reduza a liderança dos EUA em IA. “Pequim deve estar comemorando ao ver Washington transformar licenças de exportação em fonte de receita”, disse Liza Tobin, ex-conselheira de China no Conselho de Segurança Nacional.

Funcionários do Bureau of Industry and Security (BIS) também manifestaram preocupação. Em carta ao secretário de Comércio, Howard Lutnick, o ex-vice-assessor de segurança nacional Matt Pottinger e outros 19 especialistas pediram que as licenças para o H20 não fossem aprovadas.

A Nvidia classificou as críticas como “equivocadas” e negou que o chip possa ter aplicação militar. No sábado, a empresa declarou que os EUA “não podem repetir o erro do 5G” e precisam manter a liderança em IA.

Contexto das negociações EUA-China

O debate sobre controles de exportação ocorre enquanto Washington e Pequim negociam um possível acordo comercial que, segundo Trump, pode resultar em uma cúpula com o presidente Xi Jinping. O Departamento de Comércio teria sido orientado a evitar novas restrições para não tensionar as conversas, inclusive no que diz respeito aos chips de memória de alta largura de banda (HBM), essenciais para semicondutores avançados de IA.

Até o momento, o governo não informou quando começará a receber os repasses nem como aplicará os recursos.

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