Mercado pune mais empresas lideradas por mulheres após resultados negativos, mostra estudo

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Um trabalho apresentado no encontro anual da Latin American and Caribbean Economic Association (Lacea), realizado em novembro de 2025, em Recife, indica que o gênero da presidência executiva influencia a forma como analistas e investidores reagem a notícias sobre desempenho corporativo.

A economista Marcela Carvalho, autora do artigo “Who Gets the Benefit of the Doubt? CEO Gender and News about Firm Performance”, examinou dados de empresas norte-americanas compilados pelo sistema I/B/E/S (Institutional Brokers’ Estimate System). O levantamento mostra que, quando uma companhia divulga resultados piores do que o esperado, a reação negativa do mercado é menor se o comando estiver nas mãos de um homem do que se a líder for uma mulher.

Analistas revisam projeções de forma desigual

Para medir a postura dos analistas, Carvalho comparou as previsões feitas para um trimestre logo após a divulgação dos números anteriores. Revisões para cima foram classificadas como boas notícias; revisões para baixo, como más. Segundo o estudo, as revisões negativas são mais suaves quando o CEO é homem, contrariando a expectativa de que a mesma informação geraria a mesma resposta, independentemente do gênero.

Investidores acompanham o viés

A autora também analisou o comportamento dos investidores. Os preços das ações caem menos diante de más notícias quando a empresa é liderada por um executivo homem, padrão que se repete ao se avaliar o volume negociado.

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Imagem: redir.folha.com.br

Teleconferências revelam mais tolerância a homens

Carvalho ainda avaliou transcrições de teleconferências em que executivos apresentam resultados e respondem a perguntas. Ela criou um indicador de discordância entre o discurso do CEO e as questões de tom negativo feitas pelos analistas. O índice aponta menor contestação a empresas comandadas por homens. Esse viés é puxado exclusivamente pelos analistas homens, que representam 85% da amostra; as analistas mulheres não demonstraram comportamento diferente diante do gênero da liderança.

De acordo com a pesquisadora, a assimetria encontrada pode prejudicar companhias dirigidas por mulheres, influenciando preços de ações, projeções de lucros e, a longo prazo, a trajetória profissional de executivas.

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