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Ministro retira para revisão processo que pode colocar JBS Aves na lista suja do trabalho escravo

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O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, assumiu a análise final de um processo que pode incluir a unidade avícola JBS Aves na chamada “lista suja” de empregadores responsabilizados por submetê-los a condições análogas à escravidão.

A medida, tomada na segunda-feira (15), interrompe o fluxo regular de decisões adotado há mais de duas décadas pela força-tarefa que gerencia a lista, segundo auditores fiscais e especialistas ouvidos pela Reuters.

Origem da investigação

O caso se baseia em operação federal realizada no ano passado em Passo Fundo (RS). Fiscais encontraram dez trabalhadores contratados para carregar e descarregar cargas na unidade em jornadas de até 16 horas diárias, sem acesso a água potável e com descontos ilegais nos salários, conforme relatório obtido pela agência.

Em 6 de agosto, os auditores concluíram que a JBS era corresponsável pelas violações por não ter fiscalizado a prestadora de serviços. Pela regra, a decisão levaria à inclusão do frigorífico na lista suja, atualização prevista para outubro.

Posicionamento da AGU e impacto econômico

Um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) indicou que o ministro poderia avocar o processo, citando “repercussão econômica e jurídica de ampla magnitude” para a companhia, considerada uma das maiores empregadoras do país, com cerca de 158 mil funcionários. A divisão Seara, que administra a JBS Aves, registrou receita líquida de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,7 bilhões) entre abril e junho.

Empresas inseridas na lista suja permanecem nela por dois anos e ficam impedidas de obter determinadas linhas de crédito em bancos públicos, além de sofrerem danos reputacionais.

Ministro retira para revisão processo que pode colocar JBS Aves na lista suja do trabalho escravo - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Reações

A retirada do processo causou “profunda estranheza e preocupação”, afirmou Renato Barbedo Futuro, presidente da Associação Gaúcha dos Auditores Fiscais do Trabalho (Agitra). Para a professora de direito do trabalho Livia Miraglia, da Universidade Federal de Minas Gerais, a decisão cria precedente para que outras empresas peçam intervenção ministerial.

Resposta da JBS

Em nota, a JBS disse ter suspendido a prestadora de serviços, rescindido o contrato e bloqueado a empresa assim que soube das denúncias. Afirmou adotar tolerância zero a violações trabalhistas e de direitos humanos, além de submeter fornecedores ao Código de Conduta de Parceiros e à Política Global de Direitos Humanos.

A AGU não se manifestou. O Ministério do Trabalho informou apenas que o processo segue em andamento e que os recursos apresentados pela JBS ainda estão sob análise.

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