O avanço da chamada Economia Prateada, que movimentou R$ 1,8 trilhão no país em 2024 e pode chegar a R$ 3 trilhões até 2030, abriu espaço para um novo nicho no mercado imobiliário: residenciais de alto padrão desenhados para pessoas acima dos 60 anos que desejam independência, segurança e serviços sob medida.
Em São Paulo, o bairro de Higienópolis concentra os primeiros projetos voltados à longevidade ativa.
Senior Living by Housi: desenvolvido pela Housi em parceria com a Vitacon, o empreendimento tem Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em R$ 400 milhões. As unidades variam de 27 m² a 85 m² e contam com corredores largos, chuveiros espaçosos e acessibilidade total. O prédio oferecerá academia adaptada, piscina para hidroginástica, cinema, sala de convivência e monitoramento de rotina por dispositivos IoT. Braceletes e colares inteligentes detectarão quedas e acionarão alertas automáticos. A consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein participou da definição dos protocolos de bem-estar e emergência.
Naara: criada pelo empresário Joseph Nigri, a incorporadora estreia em outubro com um projeto de R$ 150 milhões. São 104 apartamentos de 100 m² a 140 m², além de 34 estúdios destinados a cuidadores ou funcionários. O preço inicial é de R$ 28 mil por m² e o condomínio deve ficar em torno de R$ 6.500. O lobby terá estrutura de hotel cinco estrelas, com concierge, gerador para todo o prédio, elevador para maca, barras de apoio e programação diária de eventos. A operação de serviços ficará a cargo da HCC Hotéis e da True Health, com atividades físicas conduzidas pela educadora Cau Saad.
O projeto da Naara recebeu aporte de R$ 60 milhões das famílias Feffer (Suzano) e Ometto (family office Rio das Pedras). Parte das unidades será disponibilizada para locação, visando atender clientes que preferem flexibilidade em vez da compra do imóvel.
Projeção da Organização Mundial da Saúde indica que o Brasil será o quinto país com maior população acima de 60 anos até 2030. Até 2050, esse grupo deve passar de 25 milhões para 50 milhões de pessoas. De acordo com o CEO da Housi, Alexandre Frankel, o envelhecimento “representa oportunidade de inovação” e exige criação de espaços que proporcionem conforto e autonomia.
Imagem: redir.folha.com.br
Marcelo Nudelman, CEO da Think Construtora, responsável pelas obras da Naara, ressalta que os novos residenciais não se propõem a ser instituições de longa permanência, mas sim moradias convencionais adaptadas para a faixa etária.
A Naara estuda erguer novos empreendimentos nos Jardins, Vila Nova Conceição, Morumbi e Paraíso. A Housi avalia projetos em capitais como Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte e Goiânia, além de municípios do interior e litoral, entre eles Santos, Niterói, Balneário Camboriú e São Caetano do Sul.
Para Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems, o principal desafio será levar o modelo a faixas de renda mais amplas sem perder a qualidade. Segundo ele, muitos consumidores desse segmento preferem alugar em vez de comprar, mantendo o patrimônio investido.
Enquanto isso, incorporadoras e investidores enxergam no público sênior um mercado em expansão com potencial de valorização de longo prazo.